sexta-feira, abril 28, 2006

25 de Abril... de 2006.













Babince.

quarta-feira, abril 26, 2006

A Vida e o Mundo Caricaturados

A respeito do 25 de Abril e outros temas vigentes aqui no Jardim e no país boçal!










Caricaturas feitas por vários, para visionamento e sorrisos de todos!

Mazi dEUS eX mACHINA

25 e FMI

Boas noites camaradas!

Falo-vos de um portugal que acabou de reencontrar a voz emudecida. Falo-vos de um portugal que acabou de despertar um novo país. Falo-vos de um portugal que acordou de um letargo de anos e em que filhos pródigos puderam regressar a casa de seus pais.
Apesar de todo o meu pessimismo este breve momento na história deixa-me feliz e faz-me pensar que toda esta cambada embrutecida tenha ainda uma pequena salvação.

Contudo gostaria de partilhar convosco uma música - e quem me conhece já sabe do que vou falar. Escrita em '79 e editada pela primeira vez em '82 (ano do meu nascimento).... Citando Nuno Pacheco: "Nascido na ressaca do processo de expulsão da Comuna, com retroactivos por ter sido expulso do PCP(R) em 1979, o "FMI" surge para José Mário Branco da "necessidade de encontrar um sentido para a vida fora dos clichés ideológicos". E é, tal como a primeira peça do Teatro do Mundo ("A Secreta Família", estreada em Julho de 1979), uma espécie de "vómito" emotivo. "Um texto profundamente confessional e catártico, uma conversa que me é permitida exclusivamente com a gente da minha geração... E na qual as outras gerações (a de antes e a depois) são só atingidas por tabela" ("Expresso", 9/4/82). Daí que, em 1982, o "FMI" surgisse num disco à parte, em maxi-single, e selado com seguinte indicação: "Por indicação expressa do autor fica proibida a audição pública, total ou integral deste disco."

(José Mário Branco, nesta música consigo ter mais sentir mais afinidades contigo do que com todos os poetas portugueses: também eu sou do porto; também a mim me faltam dentes; também eu aprendo uma certa alquimia; também o futuro histórico da minha classe se some atrás das vagas.... e apesar de não ter vivido este momento, também eu acredito nas pessoas e na sua infinita inteligência...)

Quem conhecer a música que a vá ouvir: ensina mais do que muitos livros de história que não a contam toda.... e como ela é enorme para assustar todos aqueles que se preocupam com o aspecto....


Começa assim....



Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial, trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não é muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.

Chama-se FMI.
Quer dizer: Fundo Monetário Internacional.
Não sei porque é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos...
É o internacionalismo monetário!

FMI

Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.


Nota: FMI foi editado originalmente em 1982 no maxi Som 5051106, e reeditado em 1996 em 'Ser Solidário' ( EMI-Valentim de Carvalho)

josé de arimateia, sem cravos porque eles andam caros....

terça-feira, abril 25, 2006

" Tá Bem Prontos "

O 25 de Abril... hum... sempre que ouço falar da Revolução lembro-me de um sketch do Herman Enciclopédia, altura em que o indivíduo em questão ainda tinha piada, em que o Herman fazia de locutor de rádio ( com voz um pouco nasal, uma mistura de António Sala e Manuel Monteiro da RCM ) e entretanto José Pedro Gomes e Miguel Guilherme, soldados da Revolução, invadem a Rádio em pleno ar, e insistem para que o locutor passe " Cantigas Do Maio " de Zeca Afonso, ao que o locutor responde: " Não me parece... não me parece, eu já tenho o alinhamento feito... não me parece " Acho que este sketch resume a Revolução...
Neste país de pifões, malandros e trafulhas não há Revolução que valha, além disso, a ditadura já estava a definhar, mais cedo ou mais tarde tinha de acabar.
Revolução pressupõe mudança, e a existir mudança terá de ser para melhor, mas como diz o povo mudaram as moscas mas a merda é a mesma.
Nos tempos que correm já não existem sitemas políticos, o que conta é a economia, pois é ela que determina a qualidade de vida das pessoas, isto, é o dinheiro é que determina a liberdade que cada pessoa tem para fazer aquilo que quiser, e neste aspecto o país continua a mesma merda, ou seja um país atrasado, subdesenvolvido onde os que detêm o poder sacam o mais que podem e os que trabalham, vendo que o cidadão honesto e cumpridor não chega a lado nenhum através do trabalho, curtem é fazer pontes entre fins de semana e feriados e vice-versa, he he, quanto menos trabalho melhor.... o resultado é o que está á vista.
Mas de qualquer maneira, " Tá Bem Prontos ", " Viva a Liberdade ", pelo menos, o 25 de Abril é mais um pretexto/justificação para passar o dia a fumar ganza e a beber cerveja, que foi o que fiz hoje, já que estive de folga.


FREEDOM



You Got My Pride, Hangin´ Out Of My Bed
Your Messin´With My Life so I Bought My Lead
Even Messin´With My children
And Ya Screamin´At My Wife
Get Out Of My Back
If You Want To Get Out Of Here Alive

Freedom, Freedom
Give It To Me
That´s What I Want Now
Freedom, Freedom
Give It To Me
That´s What I Need Now
Freedom, Freedom
Give It To Me
To Live
Freedom, Freedom
Give It To Me
So I Can Give

You Got My Heart
Speakin´ Electric Water
You Got My Soul
Screamin´ And A Holerin´
You Know You Hook My Girlfriend
You Know The Drug Stor Man
Well I Don´t Need It Now
I´m Just Trying To Snap It Out Of Her Hands

Freedom, Freedom
Give It To Me
So I Can Live
Freedom, Freedom
Give It To Me
So I Can Give
Freedom, Freedom
Give It To Me
Give It
Freedom, Freedom
Give It To Me
That´s What I Need

You Don´t Have To Say That You Love Me
If You Don,t Mean It
You Beter Believe
If You Need Me
Or You Just Want To Bleed Me
You Better Stick Your Dagger In Someone Else, So I Can Leave
Set Me Free
























Saudações e Abraço!

Xiquinho

segunda-feira, abril 24, 2006

PSP presta novo serviço à comunidade: O Alegre Despertar


Caríssimos, como noctívagos que somos tenho uma boa notícia para partilhar. A Polícia de Segurança Pública do Porto tem um novo serviço destinado à comunidade jovem que conduz Opel Corsa brancos.

Sexta-feira, dia 22 de Abril, às 09h30, semáforos do Hospital de S. João, trânsito infernal.
Vizela – direcção Fnac (como podem imaginar, Vizela não é muito fértil em termos culturais e não existe uma única mercearia que venda música). Estava eu parado na referida via a fumar o cigarro matinal, à espera do semáforo verde, e a conversar com um amigo quando sou surpreendido por um simpático agente da autoridade:
PSP do lado direito: “Parem o carro!”, será que a viatura está a arder? Pensei eu em tom inocente. “Estupefacientes, onde estão?”, vociferava o homem enquanto abria, e quase arrancava, a porta do meu lado. “Para fora do carro, tirar tudo dos bolsos”. Espantado e com algum receio (face à brutalidade das imagens televisivas do dia anterior que mostravam um agente mais empenhado no desempenho do seu dever, perto do Campo Alegre...), saí com movimentos lentos enquanto despejava (sem intenção) uma passa de SG Ventil na cara do referido agente. “Não tenho nada disso”, respondi eu. PSP: “Para cima do banco!” Mau, ainda agora me mandaste sair e já estas a dizer para entrar novamente? Afinal, depois de me explicar três vezes e após juntar os devidos predicados aos complementos, o simpático agente queria que eu colocasse os objectos pessoais em cima do banco.
Enquanto retirava uma série de coisas dos bolsos, reparo que o condutor e meu amigo também está gentilmente ocupado com o agente do lado esquerdo: “Não precisa de sair do carro, não está a chover” Fantástico o sentido de humor matinal daquele abutre...
Escusado será dizer que se o trânsito já era muito mais compacto ficou. Atrás de nós, uma rapariga nova, num carro novo, olhava para mim com cara de reprovação: “Estes delinquentes”, deve ter pensado...
“Sr. agente, tenho é algum dinheiro comigo, vou às compras...”, antecipei-me a um indício, de 160 euros de montante, que não passaria em claro a tão zeloso polícia. “O que é que tu fazes?”, perguntou ele. “Olhe, sou jornalista, tenho aqui o cartão de identificação”. Incrível o que um bocado de papel pode fazer. O agente do lado direito esboçou um indesfarçável sorriso, ao mesmo tempo que se começou a desculpar... “Ah sabe como é, isto é uma operação de rotina e tal, e somos levado pelas aparências...”. Terei assim tão mau aspecto?
Após uma amena cavaqueira de trânsito interrompido, e depois de negadas as nossas intenções de explicação que levaram a tal brusca abordagem, ainda tivemos de levar com a frase do dia, como se tivéssemos quatro anos: “Têm de ter medo dos ladrões, não dos polícias!”. Fantástico, fiquei muito mais descansado com tal sábia frase...
Se sono havia, sono se foi. Se má disposição havia, depressa se alterou. Isto realmente... O que a Polícia haveria de se lembrar para melhorar a boa disposição da comunidade... E não parámos de nos rir até chegarmos à caixa de pagamento da Fnac...

P.s. (Foto tirada no jogo Vizela-Moreirense. Por ter uma cor de pele escura, e por incrível que isto vos pareça, aquele jovem foi impedido de ver o jogo e presenteado com umas valentes bastonadas. )

Vizeleiro
Gole a gole enche o gaiteiro a fole

sábado, abril 22, 2006

Só para dizer...

F. C. Porto

Campeão Nacional de Futebol 2005/2006


Jesus Rodriguez, em preparação para os festejos.

quinta-feira, abril 20, 2006

Casamento

Dia de chuva, acabado de almoçar, chego ao pc para ver o que se passa: babince atacando os passes de magia de certas religiões, martens fazendo um apanhado de toda a semana e mazi acabou de atacar a biblioteca: Boris Vian, sempre uma boa escolha - e no meio de toda a patafísica, é muito mais racional do que a primeira vista diria. Por isso não consigo resistir a incluir uma pequena visão de um poeta beat - sim, há mais beats para além de Kerouac e Ginsberg e Ferlinghetti e MacLure - que permanece um pouco esquecido. Se não me engano ele aparece nos "Vagabundos do Dharma" de Kerouac.........
O poema está colado numa das estantes do meu quarto, mesmo em frente à porta: um lembrete constante quando entro, um lembrete constante quando saio. Espero que gostem apesar do tamanho.

Marriage by Gregory Corso

Should I get married? Should I be Good? Astound the girl next door with my velvet suit and faustaus hood? Don't take her to movies but to cemeteries tell all about werewolf bathtubs and forked clarinets then desire her and kiss her and all the preliminaries and she going just so far and I understanding why not getting angry saying You must feel! It's beautiful to feel! Instead take her in my arms lean against an old crooked tombstone and woo her the entire night the constellations in the sky--

When she introduces me to her parents back straightened, hair finally combed, strangled by a tie, should I sit knees together on their 3rd degree sofa and not ask Where's the bathroom? How else to feel other than I am, often thinking Flash Gordon soap-- O how terrible it must be for a young man seated before a family and the family thinking We never saw him before! He wants our Mary Lou! After tea and homemade cookies they ask What do you do for a living? Should I tell them? Would they like me then? Say All right get married, we're losing a daughter but we're gaining a son-- And should I then ask Where's the bathroom?

O God, and the wedding! All her family and her friends and only a handful of mine all scroungy and bearded just waiting to get at the drinks and food-- And the priest! He looking at me if I masturbated asking me Do you take this woman for your lawful wedded wife? And I trembling what to say say Pie Glue! I kiss the bride all those corny men slapping me on the back She's all yours, boy! Ha-ha-ha! And in their eyes you could see some obscene honeymoon going on--

then all that absurd rice and clanky cans and shoes Niagara Falls! Hordes of us! Husbands! Wives! Flowers! Chocolates! All streaming into cozy hotels All going to do the same thing tonight The indifferent clerk he knowing what was going to happen The lobby zombies they knowing what The whistling elevator man he knowing The winking bellboy knowing Everybody knowing! I'd be almost inclined not to do anything! Stay up all night! Stare that hotel clerk in the eye! Screaming: I deny honeymoon! I deny honeymoon! running rampant into those almost climatic suites yelling Radio belly! Cat shovel! O I'd live in Niagara forever! in a dark cave beneath the Falls I'd sit there the Mad Honeymooner devising ways to break marriages, a scourge of bigamy a saint of divorce--

But I should get married I should be good How nice it'd be to come home to her and sit by the fireplace and she in the kitchen aproned young and lovely wanting by baby and so happy about me she burns the roast beef and comes crying to me and I get up from my big papa chair saying Christmas teeth! Radiant brains! Apple deaf! God what a husband I'd make! Yes, I should get married! So much to do! like sneaking into Mr Jones' house late at night and cover his golf clubs with 1920 Norwegian books Like hanging a picture of Rimbaud on the lawnmower like pasting Tannu Tuva postage stamps all over the picket fence like when Mrs Kindhead comes to collect for the Community Chest grab her and tell her There are unfavorable omens in the sky! And when the mayor comes to get my vote tell him When are you going to stop people killing whales! And when the milkman comes leave him a note in the bottle Penguin dust, bring me penguin dust, I want penguin dust--

Yet if I should get married and it's Connecticut and snow and she gives birth to a child and I am sleepless, worn, up for nights, head bowed against a quiet window, the past behind me, finding myself in the most common of situations a trembling man knowledged with responsibility not twig-smear not Roman coin soup-- O what would that be like! Surely I'd give it for a nipple a rubber Tacitus For a rattle bag of broken Bach records Tack Della Francesca all over its crib Sew the Greek alphabet on its bib And build for its playpen a roofless Parthenon
No, I doubt I'd be that kind of father not rural not snow no quiet window but hot smelly New York City seven flights up, roaches and rats in the walls a fat Reichian wife screeching over potatoes Get a job! And five nose running brats in love with Batman And the neighbors all toothless and dry haired like those hag masses of the 18th century all wanting to come in and watch TV The landlord wants his rent Grocery store Blue Cross Gas & Electric Knights of Columbus Impossible to lie back and dream Telephone snow, ghost parking-- No! I should not get married and I should never get married! But--imagine if I were to marry a beautiful sophisticated woman tall and pale wearing an elegant black dress and long black gloves holding a cigarette holder in one hand and highball in the other and we lived high up a penthouse with a huge window from which we could see all of New York and even farther on clearer days No I can't imagine myself married to that pleasant prison dream--

O but what about love? I forget love not that I am incapable of love it's just that I see love as odd as wearing shoes-- I never wanted to marry a girl who was like my mother And Ingrid Bergman was always impossible And there maybe a girl now but she's already married And I don't like men and-- but there's got to be somebody! Because what if I'm 60 years old and not married, all alone in furnished room with pee stains on my underwear and everybody else is married! All in the universe married but me!

Ah, yet well I know that were a woman possible as I am possible then marriage would be possible-- Like SHE in her lonely alien gaud waiting her Egyptian lover so I wait--bereft of 2,000 years and the bath of life.


se o casamento existir que seja assim...

josé de arimateia, someone's Egyptian lover

Não Gosto
























Foto de J. P. Sousa


Podia ter sido respeitável
Vender aspiradores
Sentar-me à mesa pr'almoçar
Co'a esposa do meu coração
Ter tido vida tranquila
Pimpolhos e consideração
Um pequeno automóvel
Mas haveria aí um pequeno mas

Não gosto de lindas gravatas
Nem de fatos chiques
Não gosto de dar nas vistas
E não gosto de tostões
De carros a três milhões
De saídas de caça em África
De jantarinhos a cem talheres
Pra que serve isso
Não gosto de coxas de rã
Não gosto de whisky
Não gosto de praias de bimbos
Não gosto de ski
Esteja chuva ou d'sol
Que é que querem
Eu confesso sem mais aquelas
Só gosto de mulheres

Se têm cinquenta primaveras
Triplo queixo e pés chatos
Se os vossos cabelos s'eriçam
Não se atrapalhem com isso
Não deponham as armas
Não lastimem o passado
Não chorem os vossos encantos
Que ainda sobram tantos

Não gosto d'pesc'à linha
Não gosto d'bilhar
Não gosto d'jazz band hot ou swing
Não gosto d'caviar
Nem de fazer bolhas c'um tubo
Nem de m'animar com cubos
Ou jogar às prendas
Acho isso tudo estúpido
Não gosto de serrote musical
Não gosto da 'nha tia
Acho as obras de Pascal
Muito chatas
Ir ver o hipopótamo
Não dá é um pincel
Qu'eu confesso sem mais aquelas
Só gosto de mulheres

Não gosto d'perceptores
Não gosto d'sinfonias
Não gosto d'ervilhas d'cheiro
Só gosto de mulheres.


Poema de Boris Vian - Príncipe das Caves

Um pequeno regalo proporcionado por Mazi -dEUS eX mACHINA-
Num vasto deserto mental...

AS MINHAS DESCULPAS AO PAINEL...

As minhas desculpas ao painel, e demais consumidores assíduos(tal como eu) deste consistente beberete constante e delicioso que é o nosso tão apreciado jardim.
Poderia agora iniciar uma percussão de lamentos e desculpas fúteis, lugares comuns e aventuras cliché, mas, embora não deixando de ser meu timbre, surge-se-me de momento uma súbita vontade de objectividade(assim como que um suspiro), pelo que vos transmito que não vos tenho escrito por mero acaso…vamo-nos rir e concordar.

Tenho tanto para vos dizer…
Esqueço quase tudo ao vos querer contar…

Estou em casa por acaso…entrei à procura de uma bucha fácil, por acaso de repente deparei-me com uma amarelada bavaroise de ananás tilintando de sabor ao fundo frigorifico…Ia para o estúdio, mas por acaso sentei-me no sofá para derreter a mistela bavar e por acaso mudei para o AXN ansiando encontrar “O Protector”(essa série de bófias brutal que dá na tvi) mas, por acaso, está a dar o “Tudo bons rapazes”…que lindo…tudo isto por acaso…

Por acaso uma vez fui aí com uma malta até à Lísbia, até fui mais vezes, mas houve uma em especial onde as conjugações do acaso me transportaram até vivências únicas, daquelas que não se esquecem….e por acaso têm um filme onde todos éramos bons rapazes e um súbito sabor de bavaroise de ananás!

Vós sabeis do que falo…

- “ Desculpe…poderia trazer-me uma torrada?”
- “ Torradas não temos”

- “ Desculpe mas isto é bolo de ananás, bavaroise é outra coisa!”
– “ Não sei como se faz lá na sua terra, aqui bavaroise é assim!

- “ Quem é que comeu trinta e seis contos de pão?”
- ( ahahahahahahahahahah)…cão…

E muito, muito, muito mais…

Soube que o jardim ia dar na televisão..é bom…pareceu-me…
Será que vai haver alguma fatalidade no jardim da televisão?
Pois é…
Ninguém sabe dizer “ Se tem carta de condução há pouco tempo não açape muito”????
Cadê a profilaxia social?
–“Ai e tal e coisa conheço-o desde bebé, consertava o frigotifico ao avô dele, era um miúdo muito reguila!”
-“Ai e tal e coisa, as criancinhas…vão ficar traumatizadas porque não sabem o que é a morte…”
E sabem o que é a traição, a vingança, a droga, as fateixas da vida, a Ana Zanatti?
Quando o Zé Beto morreu disseram-me que ele voou para o canto da baliza, fez a defesa da vida dele e seguiu direitinho para o céu…

Por acaso aqui há uns dias encontrei no canal 1 uma pérola da qual estava um pouco deslocado naturalmente… “ On the road” o filme do livro de Jack Kerouac, com Nick Nolte e Sissy Spacek, acho que é de 1986…brutal…brutal…brutal…
Os beatnicks….como a maneira de viver de meia dúzia de artistas que curtiam sexo, drogas, jazz negro, não ter um emprego certo, divagar em escritas e poemas (su)realistas, no fundo viver na corda como a malta vai vivendo….
A maneira de como essa cena virou moda na década seguinte…que lindo…

A vida leva-nos por diferentes estradas, por inusitados caminhos . Alguns de nós rendemo-nos, alguns subjugámo-nos, alguns vivem, outros vão vivendo, mas é difícil e quase impossível de fugir aos poderosos tentáculos da conjuntura…porque “ a conjutura tanto bate até que fura”…

No fundo seremos sempre nós… No fundo nunca nos teremos rendido…No fundo são tudo máscaras passageiras de um dia a dia que, por acaso, sempre nos traz vivências novas…No fundo não queremos nada…Mas mesmo lá no fundo queremos tudo…
Mas o que é que nós realmente queremos?
Nada…Não queremos nada…Queremos que tudo fluía para o bem de uma multifacetada sociedade global.

Não desistiremos, apenas ansiamos o próximo dia, porque é o próximo…

E o futuro meus amigos, o futuro adeus pertence… pertence a todos aqueles que por mil e uma artimanhas nos tentam fazer ceder, render, desistir…
A todos esses havemos de lhes dar o nosso adeus.

Está aí…
O futuro será risonho…
Vamos todos sorrir…

De momento é tudo…terei de me recolher a meus aposentos, envolto em seda chinesa e lençóis de flanela…Amanhã é dia de bilhete, há que ir ao dragão bem pela fresquinha pegar o ingresso para Penafiel…FORÇA PORTO CAMPEÃO!


tHe Flash…prometendo regressar em breve

Relatório de pré-6ª Feira Santa: magias e padres-nossos no interior do Portugal que sobrevive.

É de Páscoa que se trata, numa altura em que se revela o que Judas tinha para dizer (a justiça tarda sem dúvida) e a igreja católica anuncia os novos pecados a introduzir na infindável lista que vem criando ao longo da história. A televisão, os jornais e a Internet são agora pecado. Mais uma artimanha católica para impedir a aquisição de conhecimento por parte dos seus seguidores, visto ser o conhecimento o maior inimigo das religiões, não de Deus, porque esse não tem inimigos. A Ele apenas sugiro que coloque olhos nisto e faça com que esta igreja não corrompa mais os mundos com as suas imundices.

Mais uma vez regresso ao Portugal profundo. Aqui não há a Internet, a televisão consegue melhor sintonia numas casas e pior noutras. Salvaguarde-se contudo que o café tem o mais famoso canal desportivo português, e o jornal do futebol é o único que merece compra diária. Haverá eventualmente um jornal generalista naquele café: o de Domingo passado, mais notícias só no próximo. Ou na TV, mas agora que é pecado quem saberá o que fazer.

Neste café onde me encontro prepara-se um espectáculo de magia. Mágico e respectiva assistente preparam os adereços com que irão iludir os presentes, mais logo, às 21h, como afirma um papel rabiscado afixado na porta. Senhoras e senhores, meninos e meninas, que magnífico o trabalho destes ilusionista que fazem das aldeias o seu mercado, de 2 metros quadrados uma arena de circo e do café uma plateia. Se atrair metade da população da aldeia, não serão mais de trinta os do adorável público. Como trinta aqui não entram, chegarão uns quinze para encher a tenda. Esperemos que destes nenhum renuncie ao copo de vinho de logo mais, fora da alçada da mulher, aos olhos da assistente de perna jeitosa que animará a malta. Se todos vierem ao copinho, então teremos a sala composta.

À chegada ao café reparei numa caravana que se encontra estacionada junto ao cruzeiro, do lado esquerdo da igreja, em torno da qual se agrupam as casas que compõem a paisagem rural deste lugar. A antena parabólica está atada a uma vara de ferro amarrada ao veículo, se bem me lembro esta antena é prenúncio de pecado. Junto ao paralelo granítico humedecido pelo fim de tarde, uma gaiola branca repleta de pombas de igual cor. O pensamento distante em resultado de toda a abstracção inspirada pelo ambiente aldeão não me faz concluir de imediato que pombas brancas são sinal de mágico por perto. Assim é. O mágico arma a tenda logo à entrada do café, ali no canto direito, disputando o espaço com uma arca de gelados espanhóis e uma salamandra cuja utilidade já tive oportunidade de comprovar noutros dias menos primaveris.

O olhar prende-se de imediato nos objectos de maior porte. Uma caixa equipada com um leitor de cd’s, um amplificador, uma mesa de mistura estrepitosa, e um aparelho emissor de microfone, todos com aspecto de que a qualquer altura deixarão o mágico sem argumentos artísticos que devolvam os aparelhos à vida activa e sobretudo proveitosa. Amontoam-se quatro pequenas mesas já gastas cujos tampos assentam em tripés de metal consumido por ferrugem, das quatro, três, reparo estarem curiosamente cobertas por lenços de lantejoulas douradas, a outra está coberta por um farrapo preto e branco com CK por todo o lado. Calculo que seja CK de Calvin Klein, estranho mágico este, de camisa florida somente na zona dos botões, transparente o suficiente para podermos ver a barriga lotada de cerveja, afinal a tarde esteve boa e o sol abundou lá para os lados do cruzeiro, os mesmo lados do café portanto, e de toda aldeia por conseguinte. Amparado pela arca frigorífica e impedindo a passagem para a secção de mercearia, abra-se um parêntesis para dizer que se trata de um fiel exemplar das mercearias de Portugal que como este jardim estão habituadas a dizer coisas, todavia a entrada desta que agora vejo faz-se por porta interior do café e ninguém passará até que as magias levem qualquer coisa que se parece com um carro de mão seguro pelo dito frigorífico, mais uma coluna de som gritante, ruidoso, mal equalizado, rompendo o espaço com um tema de boieiro à boa moda brasileira em pleno Portugal interior! Vibrando com a força das ondas sonoras, um malão cheio de surpresas jamais vistas, muitas pensadas para crianças que por aqui não as há, mas se pensarmos que depois de velhos voltamos a ser crianças, então senhor mágico, tudo isto acaba de ganhar sentido redobrado. A terceira idade abunda neste portugalzinho que aos meus olhos se revela, e que genuíno me parece visto daqui. No chão, um tapete com marcas que serão sinal de uso intenso e manutenção inexistente. O homem amanha a fiarada tipo esparguete, a sua assistente prepara os acessórios com que iludirão os presentes. Se de missa se tratasse que bonita sacristã aqui teríamos, os padres, esses, são todos iguais. Mais logo, depois do show, regressarão à roulote puxada por um daqueles furgões vermelhos usados habitualmente por cidadãos de índole duvidosa, dirá o povo. Gente com os seus gostos e preferências cromáticas, dizemos nós. Como se dizia, nesta casa de atrelado contarão os dinheiros que reunirem na mostra artística que agora preparam. Boa Sorte.

Vinte passos são suficientes para alcançar a porta da igreja. As poucas vozes ecoam e fazem-se ouvir ao longe. Se por lá orasse a vossa avó, certamente lhe reconheceriam as falas cá do adro. Por esta altura abrem-se as algibeiras ao pagamento da bula, dali sairá o abade para outra aldeia onde arrecadará mais bulas e mais proveitos. A verdade mora aqui, a bula está paga sim senhor, disseram-mo e eu não contesto. Ao que parece continuarei a acumular dívidas nesta aldeia que tomei por empréstimo. O abade sai mais feliz e de bolsos mais pesados. Atravessa o pequeno adro, deita os olhos à casa ambulante ali apeada, às pombas brancas que na gaiola permanecem, logo serão lenços da cor imaculada e amanhã regressarão para mais uma sessão evidenciando que de magia efectivamente se trata. Entra o padre no café depois de contornar um rafeiro que se descansa na porta que range e chega-se ao balcão de alumínio. Um vinho do porto, ai senhor abade! O folhear de um jornal, ai senhor abade! O comentário sobre o clube pelo qual morreria e cujo jogo da jornada se adivinha difícil, merecendo especial anúncio em mais um telejornal, ai senhor abade! Já não pode um padre aproveitar o tempo livre entre missas. Azares de quem milita numa religião obsoleta. Toma o vinho, sai, entra no carro bem polido e viajará para a próxima eucaristia, rápido, lestro, não vá o santo padre lembrar-se de excomungar o uso do automóvel durante o caminho e o restante ter de ser levado a pé, qual peregrino, com Deus como testemunha deste, respondendo às vontades daquele que neste mundo tudo parece puder, e deus não é decididamente. Desligue-se o rádio, este apesar de não ser pecaminoso poderá trazer estas notícias do Vaticano. Apesar de santa, amanhã a Sexta-Feira é de trabalho para este homem feito abade. Afinal não pensemos em folga, a gorjeta costuma ser generosa aos bolsos dos funcionários do sacerdócio, particularmente por estes dias. Grandes obras farão estes padres. Nós as veremos. Na realidade já nem santa é esta Sexta-Feira para os militantes da ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana), antes Cristo tivesse sido crucificado à Segunda-Feira e não teriam os trabalhadores do terciário mais este pecado para redimir.

Volto a casa. A chegada da noite trouxe o frio. A lareira flamejante adivinha as minhas necessidades. Junto a ela vos conto tudo isto, com as mãos debruçadas num computador portátil: Ai de mim!

Babince

quarta-feira, abril 19, 2006

O Dia Seguinte

Nota Introdutória: Já é Quarta-Feira, mas hoje, estive quase para não cumprir as obrigações para com o Jardim, ou seja escrever o post semanal, pois hoje o meu dia foi um verdadeiro cabo das tormentas, pesadíssimo.

Apesar do título este post não é uma carta de leitor da revista Maria, e, também não vai falar sobre a pílula do dia seguinte pois no estado em que estava ontem dificilmente podia engravidar alguém.

Vou falar sim sobre a chamada " Bigorna do Dia Seguinte". Ontem quando me deitei até estava fixe, embora a cama estivesse mais inquieta que o costume (ía jurar que andava em círculos), aterrei e dormi como um menino. O pior foi por volta das 11 da manhã quando acordei... senti-me um pouco como o Coyote dos Looney Tones depois de levar com uma bigorna lançada a uns bons 100 metros de altura pelo Bip Bip... e o pior ainda estava para vir, levanto-me ainda zonzo para beber água das pedras, e passado alguns minutos Brrrruaaaaaaaaaaaaa, viro o barco 3 vezes consecutivas. A propósito, a Francesinha para além de saborosa era fácil de digerir pois entre os componentes sólidos do vómito só vi arroz, que tinha comido ao almoço, embora o componente líquido fosse claramente uma mescla de molho de Francesinha e cerveja (peço desculpa se estou a ser repugnante).

Lá fui trabalhar, não sem antes beber uma 7 up e tomar dois cafés á italiana, e surpresa, sou informado que para além do turno normal vai haver inventário de loja... ou seja estive até ás 3 e meia da manhã a contar óleos, anticongelantes, limpa vidros, ambientadores e afins. Cheguei a casa há bocado.

Bem, mas falando do que interessa, ontem foi mais uma noite de delírio num local que pode ser considerado como um anexo do Jardim, o Piso, perdão, Superpiso. Entre cervejas, Francesinha (chefs Mazi e Tiago), cacetes, conversas, música, gargalhadas, alegria a rodos e Venâncio, Chico, Funkyboy a presentearem-nos com som improvisado ao vivo, foi mais uma noite de festa.
Ás vezes penso, foda-se, há cenas estranhas apesar de nocivas para a saúde (cerveja e ganza não são propriamente um tratamento medicinal...) estas sessões de embrutecimento destilam vida e alegria e durante algumas horas sentimo-nos algo mais que meros humanos mortais, de certo modo é um paradoxo.

Bem, vou dormir, que estou mesmo a precisar.

Saudações e Abraço!

Xiquinho bastante debilitado e ainda em recuperação de mais uma sessão de embrutecimento.

terça-feira, abril 18, 2006

Outras realidades

Cada um tem a sua noção de realidade. Cada um transporta a sua realidade.
Cada um conta a sua história sobre a sua história.
Cada um terá que compreender a realidade dos outros para conjugá- la com a sua realidade.
Será que te estás a cagar para a realidade dos outros?
Não me parece.
Não te preocupes com a dos outros, mas com a tua realidade e com a dos outros. Tudo é a conjugação da tua vida com a vida de todas as pessoas com que interages.
Serás uma peça no jogo?

Jesus Rodriguez
Peça de um puzzle que é a vida.

Este post terá uma visão por minha parte, diferente amanhã de manhã, porque será visto por mim de uma outra realidade, que não a mesma de hoje à noite.

segunda-feira, abril 17, 2006

Tradições versus Conservadorismo

Agora que a páscoa já passou e já é seguro voltar a falar usando este meio pecaminoso que é a internet, posso contar algo que vi hoje no telejornal (santo padre, tanto pecado apenas numa frase... onde vamos parar nós?) de uma canal público: a população de Sendim está revoltada!

Contra todos os usos e costumes e contra a boa-fé dos populares eles têm vindo a ser vítimas de desrespeito pelas suas tradições populares. E o causador de todo este mau - estar é o senhor padre, segundo alguns populares, demasiado conservador (!). Por isso se recusa a cumprir com algumas inofensivas procissões populares que não estão aprovadas pelos seus superiores. O cura incompreendido diz que apenas quer "construir uma comunidade cristã segundo as orientações da Igreja".

Podíamos ver avózinhas possessas a gritar "o povo unido jamais será vencido" – esse slogan embrutecido que em várias ocasiões tem servido, que em português soa tão bem e fácil e que algumas avózinhas chamavam satânico não faz muito tempo; populares revoltados de ambos os sexos a dizer que um padre serve o povo, que as tradições têm de se cumprir... enfim, é um direito básico duma sociedade laica ter um padre perto de si.

Agora as questões que se impõem: é certo que foi páscoa (altura de felizes acidentes e excesso de álcoois nos corpos de pais responsáveis), mas que lugar tem esta notícia num telejornal? E porquê gritar por um padre que sirva o povo? Alguém serve o povo neste cantinho? Porquê gritar por um novo padre se os velhos servem tão bem? Será que com a aparição desta paróquia na televisão eles incorreram em pecado? e assim sendo, quem os vai confessar se o padre não os respeita? – tantas questões iam-me dando um caso grave de azia…

Outras questões surgiram, mas já me alongo demais, faz-se tarde e todos já ficaram com a ideia... A importância de tudo isto é absolutamente nula! Nesta altura imaginei uma miríade de populares enfurecidos à porta da Assembleia a gritar que os políticos servem o povo! que eles não respeitam a vontade popular enquanto gritavam numa só voz: O Povo Unido Jamais Será Vencido! - não apareceria no telejornal...

josé de arimateia, ouvindo estranhas memórias na chuva

domingo, abril 16, 2006

Dos novos pecados!

Que belo dia de Páscoa, está hoje! Logo este ano que decidi faltar às obrigações familiares e passar a minha primeira Páscoa sozinho, não deixo me sentir rendido ao espírito de reflexão que invade esta quadra. E sendo este dia um feriado religioso, é de religião que eu gostava de falar, principalmente da religião cristã, e da sua principal filial a Igreja Católica. Há uns dias soube duma notícia que me deixou no mínimo espantado, de que o Vaticano teria acrescentado uns pecados á sua lista de pecados que deve ser extensa, ora estes novos pecados são o consumo excessivo de jornais, televisão e Internet. Assim o Vaticano delineou uma espécie de regresso ao passado com este novo pontífice. Á coisas que nunca mudam e o espírito inquisitorial nunca abandonou esses «senhores de batina»! De referir também o discurso do papa no final desta semana aonde condenava a apologia do mal que esta sociedade promovia e a destruição da instituição familiar com os casamentos homossexuais e as uniões de facto. Vendo isto não deixo de pensar que tipo de sociedade este Vaticano realmente queria, digamos uma mais do tipo do (Antigo Regime), relembremo-nos que eles foram sempre anti-democráticos, apoiaram todos os regimes fascistas na Europa, e as ditaduras sul-americanas com raras excepções e foram sempre contra qualquer tipo de de modernidade, o que vem vistas as coisas é coerente com estas atitudes. Seria engraçado se Jesus voltasse á terra e talvez lhe acontecesse o que o episódio « O Grande Inquisidor» do livro de Dostoievski «Os Irmãos Karamazov» retrata!

quinta-feira, abril 13, 2006

? = ??? x ?/??? + ?

O Homem, personagem incansável na procura de certezas e verdades absolutas que confiram à sua existência a tranquilidade de que necessita para viver sem anseios. Alcançar de uma vez, e desta por todas, as respostas que lhe permitam existir sem outra preocupação que não a de dormir hoje, acordar amanhã, sem percalços, sem imprevisíveis, para reencontrar o descanso e voltar ao atarefado da vida, em sucessivos ciclos de parar e viver, vivendo sem parar. Rotinas que se prolongam até ao derradeiro segundo desta existência. Esta terminará certamente sem grandes respostas, porém o que realmente interessa é o acumulado de perguntas que conseguirmos reunir. Mais do que respostas, procuremos perguntas.

Babince

quarta-feira, abril 12, 2006

O Tempo

Hoje tive um dia de ócio, para variar não trabalhei, era a minha folga, estive por casa até às 6 da tarde, e só saí para ir à Escócia ver o pôr-do-sol, local onde fiz desaparecer 4 cervejas e um cacete FIXE , até porque, com o novo horário, o Sol só se põe depois das 8, e tinha que fazer algo para matar o tempo.
Acho que não é possível descrever em palavras um pôr-do-sol visto da Escócia, mas quem já lá esteve consegue imaginar.
Estava para lá todo cego a pensar: O Tempo literalmente voa, de dia em dia, de mês em mês, de ano em ano, de estação em estação. Agora que falei em Estações lembrei-me, às vezes dou comigo a pensar que cada estação traz consigo um estado de espírito. Agora que é Primavera parece que existe mais alegria nas pessoas, uma espécie de estádio pré-delírio para a Estação seguinte, o sempre ansiado e desejado Verão, mas em 3 meses acaba a alegria, e lá volta o Outono e com ele a tristeza.
Mas o que eu estou a tentar dizer é que o Tempo passa sem darmos conta, ontem éramos crianças inocentes e cheias de expectativas e sonhos, hoje resignados á bruta realidade do mundo real onde não existe margem de manobra para grandes ilusões, a não ser que se esteja pedrado.

“Some are born to sweet delight, some are born to the endless night..."

Jim Morrison em "End of The Night"

Saudações e Abraço

Xiquinho

Viagem

Sete da tarde de uma sexta-feira em Abril, nesse longínquo ano de 2006. Está nublado, corre uma brisa fresca. A voz metálica do megafone anuncia chegadas e partidas de autocarros.
Pessoas encarreiradas como formigas. Num tumulto ordeiro. Arrancamos? Não…Mais um pequeno atraso…Um passageiro retardatário…mais um autocarro que entra, e enfim, partida. A cidade começa a entardecer, já não ruge, sussurra. Pessoas em passo lento, outras quase galopam. Gaivotas no alto dos telhados. Em busca de vista, em busca de ar fresco, em busca de comida, de uma briga ou de um parceiro?! Não sei… É assim a vida com asas!
…Semáforo…Vermelho…………..Verde!
Encosta do Douro, plena de casas devolutas, fazendo lembrar uma dentição cariada. Última descida até à ponte, um salto para o outro lado, rápido, por cima da Artéria Fluvial. …Remadores…Crepúsculo Invisível…
Adeus Porto … Até à volta!
Do outro lado, como primeira amostra do espírito de Gaia, o Morro com ervas daninhas e canhões obsoletos. Sombras, pretéritos da glória passada…ou espectros da brutalidade presente?
Vento de Nordeste. Fraco. Mal faz balançar, nas árvores, as folhas imaturas agora postas ao mundo.
Semáforo, Linha de Metro… lagarta serpenteante nos carris, com o bojo cheio de vida em estado latente. Pessoas com cara de autocarro a andarem de Metro…! …Gargalhada…
Os meus “camaradas de viagem” ouvem, olham para mim e lá devem ficar a pensar que sou maluco. Miúdos sentados em vãos de escadas com o Universo reflectido nos olhos. Mil e uma coisas passam-me pela cabeça e elas não se fixam, não se denunciam...!
Paragem… Entrada de mais gente. Uma passageira! Acaba por se sentar a meu lado devido à escassez de lugares. Uma mulher pela qual, facilmente, um gajo se “perde”. (Tenho o coração mole).
Reparo que o lixo se empilha pelas esquinas…os pedintes também. Cidade em obras. Vida em obras. Mundo deteriorado, devoluto… Obsoleto! Árvores, canteiros, cães, bocas-de-incêndio. 82, 84, 33, 83. Laborim, Vilar de Andorinho, Coimbrões, Vila d’Este! Corredores vitais de tais populações. Sto. Ovídeo, rotunda caótica, onde tudo se entende e segue rolando. O motor ruge, arfa, bufa. Parte em direcção a Sul. Lotação cheia. Cheiros, tosses e tossidelas. Auto-estrada. Velocidade galopante na pança do monstro metálico que nos guia até à última paragem, no meio de uma terra esquecida.
Armazéns, casas, prédios, ringues, silvados, rails de protecção, asfalto e outros competidores da corrida da vida. Tudo desfila perante a retina como se não fosse nada… como se tivesse sido sempre assim. Pontes, viadutos, sinais, ramais, postes de iluminação… dá para ver, O Mar, daqui… Dez quilómetros em linha recta, lá no horizonte, a massa primordial. Uns ténues raios de sol, espelham-se e espalham-se na sua superfície, em tons dourados bruxuleantes.
Dentro do autocarro, vai tudo quieto e calado. Música de rádio imperceptível. Só ecoa no ar rarefeito desta “chocolateira”, a minha voz e da Raquel (sim, este é o nome da senhora que a meu lado se sentou). Já nos conhecíamos… sentiu-se curiosa, perguntou o que estava a escrever e o porquê de ter o meu “livro branco” com ditos em cirílico no exterior. É uma rapariga agradável, simpática e de conversa fácil. (Talvez já estivesse a ler o que estava a escrever antes de me perguntar. Não sei, nem lhe vou perguntar.) Só agora reparo naqueles olhos verdes… Lindos!
Saída da auto-estrada. Entrada em Sta. Maria da Feira. A Raquel sai já. Passará as férias com os pais. Até breve Raquel…
Castelo em vista. Cercos, batalhas campais, reis e bobos. Imaginários deslocados da realidade passada. Apenas sugestões, delírios… visões. (Calafrio na espinha, suor frio. Apercebo-me do fim da viagem.) Castelo afogado num místico mar verde, conferindo-lhe uma aura lendária. Dir-se-ia que lá vivem os ciápodes, panócios e cinocéfalos. O rio Cáster transforma-se em Sambathyon, para lá do qual fugiu a tribo perdida de Israel e de lá virá Presbiter Johannes (Preste João) com os seus magnos exércitos, para nos livrar da ameaça maometana. Somos todos ímpios por igual…
Mais uma paragem demorada… Retira-se bagagem do autocarro. Carrega-se novamente a vida aos ombros. Prossigo! Metade das pessoas já saíram e retornaram às suas luras.
As cores estão estranhamente outonais. A vida quase que parece recusar desvendar-se perante os nossos olhos. Os dos ignóbeis primatas. A serenidade da conformidade está no ar. Uma tensão ligeira, energia subliminar das coisas… Escapães… Arrifana… Terrinhas, enfim… Recta final!
Urbe de S. João da Madeira. Prédios novos, prédios velhos, rotundas elevadas ao expoente máximo da insanidade. Nada é autóctone. Tudo é copiado ou importado. Esta cidade podia ser em qualquer lado…
Boleia. Nove rotundas depois… Casa! No recanto da ruralidade e atavismo, a grande e insigne Macieira de Sarnes. Ainda lhe vejo certa beleza! ( … territa danada…) Nem que seja do alto de uma das suas frondosas árvores! Algumas velhas como a roda. Mais completas e realizadas do que nós, onde os pássaros se empoleiram no fim das suas viagens. Vinte horas e dez minutos, num crepúsculo de uma Sexta-Feira qualquer em Abril.


Mazi DEUS eX mACHINA

terça-feira, abril 11, 2006

Hipocrisias

Ontem, acordei para o para o primeiro dia da semana, tomei banho, lavei os dentes e antes do almoço, li o Jornal de Notícias e como sempre leio a última pagina mais atentamente que as outras (não sei porquê), li uma coluna de opinião que se chama Por Outras Palavras de Manuel António Pina que me chamou a atenção. A coluna falava de uma reportagem do "The Guardian" que dá conta sobre uma situação que eu acho muito infeliz. Parece que há uma nova caça as bruxas nos Estados Unidos (land of the brave and the free), desta vez não é aos comunistas (comedores de crianças ao pequeno almoço), mas a professores de universidades e escolas. Sim há professores que têm opiniões diversas da doutrina Bush e há pais e organizações republicanas e conservadoras preocupadas com isso. Acusam os professores de "anti-americanismo" e alguns foram suspensos por serem "progressistas" e até por criticarem o Cowboy Bush, chegam mesmo a encorajar os alunos a gravar as aulas e denunciá-los e pasmem-se, uma fundação republicana oferece 100 dolares por cada denuncia (se isto não é uma ferramenta neo-fascista, eu vou ali e venho já). Já não chega as gaffes do Sr. Bush, guerras sem fundamento, torturas, etc... ainda há grupos que querem perseguir, calar e tirar empregos a professores por terem um ponto de vista diferente dos seus? Há até um livro chamado "OS 101 mais perigosos professores da América" onde um Neo-Conservador de seu nome David Horowitz indica nomes de professores e as suas ideias.

Mas que é esta merda? (Desculpem, mas já não tenho paciência para hipocrisias destas)

Então não são eles os auto-proclamados arautos da liberdade? Não querem eles levar a liberdade de expressão a países que a não a têm?

Já não há paciência que resista.

Jesus Rodriguez, em mais um momento de azia.

segunda-feira, abril 10, 2006

Sinais

Estava aqui por casa esquecido das minhas funções para com o jardim. Estive até para dar parte de doente e facilitar - mas já tanto se facilita.
Esta semana não estou particularmente inspirado, mas terrivelmente atrasado. Também, ao que parece, ninguém apareceu no turno anterior. Resultados de vidas cada vez mais ocupadas e confusas.

Numa das tv's generalistas dá um filme sobre as matanças no Ruanda: extermínio étnico, matanças generalizadas, violação aqui, violação ali... passo à frente e está a dar TvShop... Será que ambas estão relacionadas? Será que alguém ainda se lembra?

O tempo passa e nada acontece: que mais se pode esperar de uma noite de domingo sozinho em casa feito intelectualzito, em frente a um pc a olhar para as letras que explodem no monitor?
Apetecia-me ler um livro, mas nenhum dos que tenho. Será isto um sinal de consumismo?

Tenho andado por aqui, sem muito que fazer, mas extremamente ocupado a atirar como malabares os pedaços da minha calma e simplesmente complicada existência. Sem qualquer relação com a minha existência posso referir que ontem fiquei petrificado quando ouvi na rádio (estava a deslocar-me de carro) que há um certo número de conselheiros e adidos militarizados desse presidente de pacotilha, aquele que anda aí a atirar com a liberdade, a democracia e a supremacia americana, que estão dispostos a lançar uma arma nuclear de baixa potência para destruir a capacidade de produção de energia (leia-se arma) nuclear de uma certa nação islâmica... por pudor não vou referir nomes. O que é uma arma nuclear de baixa potência? Querem dar uma amostra do poder destrutivo daquilo que eles pretendem fabricar?
Será que é verdade ou que vos estou simplesmente a confundir?

Amigos voltaram de Londres. Outro amigo mandou-me um vídeo de kerouac que eu pensava ter perdido da memória para sempre - como sou um gajo fixe vou partilhar o link AQUI!. Se tiverem paciência terão oportunidade de ver Kerouac a ler o último parágrafo do "On the Road". Outro escreveu um post magnífico com um dos meus livros favoritos. Outro telefonou-me com a certeza de que eu tinha esquecido o que estava combinado para segunda (hoje, mas mais logo) - e eu tinha mesmo esquecido. Outros ainda andam por aí, perdidos ou encontrados. O que importa é não parar.
De mudança em mudança saltamos, crescemos, existimos cada vez mais próximos das nossas verdades ou mais profundamente mergulhados nos papéis que para nós mesmos escolhemos. Será que mudamos ou nos tornamos mais sinceros?

(Por estar aqui a falar, a mandar o meu bitaite, lembrei-me de como é difícil explicar o prazer de nos deixarmos ler por Saramago. Se alguém estiver disposto a desvendar esta frase que diga...)

Já que tudo precisa de uma razão pergunto: porque escrevo?
E a este sinal vou responder: tudo precisa de respirar.

José de Arimateia, transformando o jardim em labirinto

sexta-feira, abril 07, 2006

Hoje trago-vos um doce.

Resolvi trazer-vos esta semana um excerto do livro de José Saramago publicado em 1982 intitulado Memorial do Convento. Nesta fatia que escolhi, Sete-Sóis apresenta-se a alguns dos seus colegas de trabalho na construção do convento de Mafra. Deliciem-se. Mais não digo.


“O meu nome é Baltazar Mateus, todos me conhecem por Sete-Sóis, o José Pequeno sabe por que assim lhe chamam, mas eu não sei desde quando e porquê nos meteram os sete sóis em casa, se fôssemos sete vezes mais antigos que o único sol que nos alumia, então devíamos ser nós os reis do mundo, enfim, isto são conversas loucas de quem já esteve perto do sol e agora bebeu de mais, se me ouvirem coisas insensatas, ou é o sol que apanhei, ou do vinho que me apanhou, o certo é ter nascido aqui, há quarenta anos feitos, se não me enganei a contar, minha mãe já morreu, chamava-se Marta Maria, meu pai mal pode andar, acho que lhe estão a nascer raízes nos pés, ou é o coração à procura de terra para descansar, tínhamos aí um cerrado, como o Joaquim da Rocha, mas, com tanto mexer de aterros, já lhe perdi o sítio, até eu levei alguma terra dele no carro de mão, quem haveria de dizer ao meu avó que um neto seu atiraria fora terra que foi cavada e semeada, agora põem-lhe um torreão em cima, são as voltas da vida, a minha também não tem dado poucas, enquanto moço cavei para os lavradores, o nosso cerrado era tão pequeno que o meu pai dava conta do trabalho em toda a volta do ano e ainda ficava com tempo para tratar duns bocados que trazia de renda, bem, fome, o que chamam fome, não passámos, mas fartura ou insuficiência nunca soubemos o que era, depois fui para a guerra de el-rei, ficou-me lá a mão esquerda, só mais tarde é que soube que sem ela começava a ser igual a Deus, e como deixei de servir para a guerra, voltei a Mafra, mas estive uns anos em Lisboa, é só isto e mais nada, E em Lisboa, que fizeste, perguntou João Anes, por ser de todos o único oficial de um ofício, Estive no açougue do Terreiro do Paço, mas era só acarretar a carne, E quando foi que estiveste perto do sol, isto quis Manuel Milho saber, provavelmente por ser ele o que costumava ver o rio passando, Essa, foi de uma vez que subi a uma serra muito alta, tão alta que estendendo o braço tocava-se no sol, nem sei se perdi a mão na guerra, se foi o sol que ma queimou, E que serra era, em Mafra não há serras que cheguem ao sol e no Alentejo também as não há que Alentejo conheço eu bem, perguntou Julião Mau-Tempo, Talvez tenha sido uma serra que nesse dia estava alta e agora está baixa, Se para arrasar um monte destes são precisos tantos mil tiros de pólvora para fazer baixar uma serra gastava-se toda a pólvora, que há no mundo, disse Francisco Marques, o primeiro que falara, e Manuel Milho teimou, Chegar perto do sol, só se tivesses voado como os pássaros, lá na lezíria vêem-se às vezes uns milhafres que vão subindo, subindo, fazendo rodeios, e depois desaparecem, ficam tão pequenos que já não podem ser vistos, e então vão ao sol, nós é que não sabemos nem o caminho por onde se chega, nem porta por onde se entra, mas tu és homem, não tens asas, A não ser que sejas bruxo, disse João Pequeno, como uma mulher da terra onde fui achado, que se untava com unguentos, punha-se a cavalo numa vassoura e ia à noite de um sítio para outro, isto era o que se dizia, que eu, ver, nunca vi, Eu não sou bruxo, ponham-se a dizer essas coisas, e leva-me o Santo Ofício, e também ninguém me ouviu dizer que voei, Mas declaraste que estiveste perto do sol, e ainda outra coisa, que começaste a ser igual a Deus depois de teres ficado sem a mão, se tal heresia chega aos ouvidos do Santo Ofício, então é que não te salvas mesmo, Salvávamo-nos todos se nos fizéssemos iguais a Deus, disse João Anes, Se nos fizéssemos iguais a Deus poderíamos julgá-lo por não termos logo recebido dele essa igualdade disse Manuel Milho, e Baltazar explicou enfim, com grande alivio de já não se estar falando de voar, Deus não tem a mão esquerda porque é à sua direita que se senta os eleitos, e uma vez que os condenados vão para o inferno, à esquerda de Deus não vem a ficar ninguém, ora, se não fica lá ninguém para que queria Deus a mão esquerda, se a mão esquerda não serve, quer dizer que não existe, a minha mão não serve porque não existe, é só a diferença, Talvez à esquerda de Deus esteja outro deus, talvez Deus esteja sentado à direita doutro Deus, talvez Deus seja só um eleito doutro deus, talvez sejamos todos deuses sentados, donde estas coisas me vêm à cabeça, é que eu não sei, disse Manuel Milho, e Baltazar rematou, Então sou eu o último da fila, á minha esquerda é que não se pode sentar ninguém, comigo acaba-se o mundo, Donde vêm tais coisas à cabeça destes rústicos, analfabetos todos, menos João Anes, que tem algumas letras, é que nós não sabemos.”

SARAMAGO, José (1982), Memorial do Convento, Caminho, Lisboa


Agradecendo a Saramago.
Babince

quarta-feira, abril 05, 2006

O Motor Vital

Foto de Vitor Shalom - Brasilia
Liberdade
Nos meus cadernos da escola,
Na minha carteira, nas àrvores,
Sobre a areia e sobre a neve,
Escrevo o teu nome.
Em todas as páginas lidas,
Em todas as páginas em branco,
Pedra, sangue, papel ou cinza,
Escrevo o teu nome.
Na selva e no deserto,
Nos ninhos e nas giestas,
Na memória da minha infância,
Escrevo o teu nome.
Nas maravilhas da noite,
No alvo pão de cada dia,
No matrimónio das estações,
Escrevo o teu nome.
Nos campos e no horizonte,
E sobre as asas dos pássaros
E no moínho das sombras
Escrevo o teu nome.
Em cada raio da aurora,
Sobre o mar e sobre os barcos,
Na montanha enlouquecida,
Escrevo o teu nome.
Na saúde recuperada,
No perigo desaparecido,
Na esperança sem lembranças,
Escrevo o teu nome.
E pelo poder de uma palavra
A minha vida recomeça.
Eu renasci para te conhecer,
Para dizer o teu nome:
LIBERDADE

Poema de Paul Éluard




Abraços a todos e aos nossos leitores.
Muito obrigado pela vossa atenção.

Mazi dEUS eX mACHINA

terça-feira, abril 04, 2006

Vocês Sabem do Que é Que Ele Está a Falar







" She got`s trains attached to my head "

Jimmi Hendrix








Ouvi dizer

Na semana passada parece que andaram a fazer "filmações" no Jardim. Parece que era para uma telenovela de um canal de televisão que é transmitido em sinal aberto. O jardim vai aparecer em hórario nobre na televisão mais vista de Portugal.

Depois da internet ele chega á televisão.

O Problema

Caros amigos, dirijo-me desta forma esperando que se encontrem de boa saúde, espírito satisfeito e mente tranquila, pois eu estou farto. Farto das coisas do costume e da realidade que me cai em cima tal como o céu «caía em cima dos gauleses», e que continua a cair duma certa maneira como os últimos acontecimentos demonstraram. Já chega de pessoas conformadas! Resignadas com as suas vidas fúteis, que pensam alcançar a felicidade com merdas que nada tem a ver! Como dizia José Mário Branco numa das suas canções, o que é preciso é INQUIETAÇÃO. Estou farto de mentirosos, que nos vendem o paraíso por um voto e a seguir nos entregam a um inferno dos diabos! (Até parece que esta crise vai ser para sempre!) Estou farto das mesmas ladainhas, que a esquerda, o centro, a direita, a televisão (o verdadeiro ópio do povo hoje em dia); a igreja católica, que ainda não percebeu que já foi ultrapassada pela igreja do CONSUMO, que faz todas as suas eucaristias ao domingo á tarde nas suas belas catedrais cheias de consumistas prontos para obedecer ao Senhor e comprar, comprar, comprar! Custa-me dizer isto, mas acho que deve haver alguma conspiração para nos tornar mais materialistas, para que nos sentimos realizados só quando temos, a roupa, o carro, a casa, certos! Todos esses vendedores de ilusões que nos pregam massivamente na televisão, na igreja ou no café, para os seguir toda a nossa vida de maneira a que continuemos iludidos e dessa forma nunca veremos qual é a RAÍZ DO PROBLEMA!

Que na minha humilde opinião, é esta forma de sociedade, que ao contrário do que dizia Aristóteles faz mais mal do que bem, que ao levar a cabo a sua função repressiva está a transformar o Homem num animal frustrado, reprimido e enganado com necessidades de bens materiais que não precisa, ele continuará para sempre oprimido e só se libertará se conseguir romper com este mundo de aparências! Acima de tudo precisamos de abrir os olhos, a vida não é só isto, antes que ela passe ao lado e de repente acordamos velhos e morremos sem realmente termos vivido!

sábado, abril 01, 2006

o jardim...


José de Arimateia, todo zazince no reino da nostalgia