segunda-feira, abril 10, 2006

Sinais

Estava aqui por casa esquecido das minhas funções para com o jardim. Estive até para dar parte de doente e facilitar - mas já tanto se facilita.
Esta semana não estou particularmente inspirado, mas terrivelmente atrasado. Também, ao que parece, ninguém apareceu no turno anterior. Resultados de vidas cada vez mais ocupadas e confusas.

Numa das tv's generalistas dá um filme sobre as matanças no Ruanda: extermínio étnico, matanças generalizadas, violação aqui, violação ali... passo à frente e está a dar TvShop... Será que ambas estão relacionadas? Será que alguém ainda se lembra?

O tempo passa e nada acontece: que mais se pode esperar de uma noite de domingo sozinho em casa feito intelectualzito, em frente a um pc a olhar para as letras que explodem no monitor?
Apetecia-me ler um livro, mas nenhum dos que tenho. Será isto um sinal de consumismo?

Tenho andado por aqui, sem muito que fazer, mas extremamente ocupado a atirar como malabares os pedaços da minha calma e simplesmente complicada existência. Sem qualquer relação com a minha existência posso referir que ontem fiquei petrificado quando ouvi na rádio (estava a deslocar-me de carro) que há um certo número de conselheiros e adidos militarizados desse presidente de pacotilha, aquele que anda aí a atirar com a liberdade, a democracia e a supremacia americana, que estão dispostos a lançar uma arma nuclear de baixa potência para destruir a capacidade de produção de energia (leia-se arma) nuclear de uma certa nação islâmica... por pudor não vou referir nomes. O que é uma arma nuclear de baixa potência? Querem dar uma amostra do poder destrutivo daquilo que eles pretendem fabricar?
Será que é verdade ou que vos estou simplesmente a confundir?

Amigos voltaram de Londres. Outro amigo mandou-me um vídeo de kerouac que eu pensava ter perdido da memória para sempre - como sou um gajo fixe vou partilhar o link AQUI!. Se tiverem paciência terão oportunidade de ver Kerouac a ler o último parágrafo do "On the Road". Outro escreveu um post magnífico com um dos meus livros favoritos. Outro telefonou-me com a certeza de que eu tinha esquecido o que estava combinado para segunda (hoje, mas mais logo) - e eu tinha mesmo esquecido. Outros ainda andam por aí, perdidos ou encontrados. O que importa é não parar.
De mudança em mudança saltamos, crescemos, existimos cada vez mais próximos das nossas verdades ou mais profundamente mergulhados nos papéis que para nós mesmos escolhemos. Será que mudamos ou nos tornamos mais sinceros?

(Por estar aqui a falar, a mandar o meu bitaite, lembrei-me de como é difícil explicar o prazer de nos deixarmos ler por Saramago. Se alguém estiver disposto a desvendar esta frase que diga...)

Já que tudo precisa de uma razão pergunto: porque escrevo?
E a este sinal vou responder: tudo precisa de respirar.

José de Arimateia, transformando o jardim em labirinto

1 Comentários:

Blogger Ken Ewing Disse as coisas que se seguem:

Haze in the Maze. He he, um labirinto cheio de fumo este jardim.
Muito boa perspectiva, cada vez as vidas são mais ocupadas e confusas.

Abraço!

Xiquince

13/4/06 00:25

 

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