PSP presta novo serviço à comunidade: O Alegre Despertar
Caríssimos, como noctívagos que somos tenho uma boa notícia para partilhar. A Polícia de Segurança Pública do Porto tem um novo serviço destinado à comunidade jovem que conduz Opel Corsa brancos.
Sexta-feira, dia 22 de Abril, às 09h30, semáforos do Hospital de S. João, trânsito infernal.
Vizela – direcção Fnac (como podem imaginar, Vizela não é muito fértil em termos culturais e não existe uma única mercearia que venda música). Estava eu parado na referida via a fumar o cigarro matinal, à espera do semáforo verde, e a conversar com um amigo quando sou surpreendido por um simpático agente da autoridade:
PSP do lado direito: “Parem o carro!”, será que a viatura está a arder? Pensei eu em tom inocente. “Estupefacientes, onde estão?”, vociferava o homem enquanto abria, e quase arrancava, a porta do meu lado. “Para fora do carro, tirar tudo dos bolsos”. Espantado e com algum receio (face à brutalidade das imagens televisivas do dia anterior que mostravam um agente mais empenhado no desempenho do seu dever, perto do Campo Alegre...), saí com movimentos lentos enquanto despejava (sem intenção) uma passa de SG Ventil na cara do referido agente. “Não tenho nada disso”, respondi eu. PSP: “Para cima do banco!” Mau, ainda agora me mandaste sair e já estas a dizer para entrar novamente? Afinal, depois de me explicar três vezes e após juntar os devidos predicados aos complementos, o simpático agente queria que eu colocasse os objectos pessoais em cima do banco.
Enquanto retirava uma série de coisas dos bolsos, reparo que o condutor e meu amigo também está gentilmente ocupado com o agente do lado esquerdo: “Não precisa de sair do carro, não está a chover” Fantástico o sentido de humor matinal daquele abutre...
Escusado será dizer que se o trânsito já era muito mais compacto ficou. Atrás de nós, uma rapariga nova, num carro novo, olhava para mim com cara de reprovação: “Estes delinquentes”, deve ter pensado...
“Sr. agente, tenho é algum dinheiro comigo, vou às compras...”, antecipei-me a um indício, de 160 euros de montante, que não passaria em claro a tão zeloso polícia. “O que é que tu fazes?”, perguntou ele. “Olhe, sou jornalista, tenho aqui o cartão de identificação”. Incrível o que um bocado de papel pode fazer. O agente do lado direito esboçou um indesfarçável sorriso, ao mesmo tempo que se começou a desculpar... “Ah sabe como é, isto é uma operação de rotina e tal, e somos levado pelas aparências...”. Terei assim tão mau aspecto?
Após uma amena cavaqueira de trânsito interrompido, e depois de negadas as nossas intenções de explicação que levaram a tal brusca abordagem, ainda tivemos de levar com a frase do dia, como se tivéssemos quatro anos: “Têm de ter medo dos ladrões, não dos polícias!”. Fantástico, fiquei muito mais descansado com tal sábia frase...
Se sono havia, sono se foi. Se má disposição havia, depressa se alterou. Isto realmente... O que a Polícia haveria de se lembrar para melhorar a boa disposição da comunidade... E não parámos de nos rir até chegarmos à caixa de pagamento da Fnac...
P.s. (Foto tirada no jogo Vizela-Moreirense. Por ter uma cor de pele escura, e por incrível que isto vos pareça, aquele jovem foi impedido de ver o jogo e presenteado com umas valentes bastonadas. )
Vizeleiro
Gole a gole enche o gaiteiro a fole
5 Comentários:
Estes agentes da autoridade... Um dia destes também me abordaram aqui num ermo na Serra de Valongo (sitio que baptizei de "Escócia"), e as primeiras frases foram "O carro é seu? Você tem os documentos do carro? Tem alguma coisa que o comprometa? ". E isto, porque estava sozinho (e por sorte já tinha fumado o ultimo cacete), mas naquele sitio ás vezes estão 4 a 5 carros de pilões a foder e não me cheira que eles os abordem. Mas revistaram-me o carro todo, e também me perguntaram o que é que fazia. Quando lhes disse que trabalhava na Galp e até servia cafés á pala aos colegas deles, mudaram logo o tom: "HA, desculpe, sabe, é que este sitio é um local de tráfico de estupefacientes. Tenha cuidado." E lá foram á vida deles. São mesmo previsiveis estes cornos destes bófias.
Abraço!
25/4/06 02:39
Agora que falei na "Escócia", lembrei-me daquela vez no 1º ano em que eu, tu, Pedrão e Venâncio fomos fumar daquele teu bongo de quilo grotesco para a Serra de Valongo, nomeadamente á beira de um sanatório abandonado, que curiosamente foi mandado construir no tempo de Salazar. Se ainda te lembrares deste episódio, a Escócia" é lá perto.
Só para dar uma melhor contextualização espacial.
Abraço! Xiquinho
25/4/06 02:59
bem, não sei quanto a ti grande vizela, mas com polícia assim eu prefiro os ladrões....
saudações!
25/4/06 21:12
Vizelaix, para a próxima diz-lhes que és doutor de jornalismo, em homenagem a um grande amigo nosso, e teu colega no ramo!
A mim e a Xiquinho, num desses episódios em que polícias muito zelosos interferem no desenrolar normal de mais um dia, disseram-nos "Bebam Whisky!" - É de facto uma boa sugestão atendendo que Xiquinho estava a conduzir. Na altura não lhe dissemos que somos jornalistas, apenas estudantes. Serviu.
Como teu advogado, repito, "as your attorney I must advise you that you'll need a very fast car with no top and after that, the cocaine. And then the tape recorder, for special music, and some Acapulco shirts..."
Forte Abraço.
26/4/06 02:27
Essa tal frase do .."tem algo que o comprometa..", já torna uma frase-feita do vocabulário quotidiano nos tempos que correm. As aparências... O 25 de Abril assim começa a tornar-se uma aparência também... Uma neblina sobre o mar, tão perto mas ao mesmo tempo tão "afastada". Bom... só me resta dizer... "Dá-nos Barrabás"!
Pobre sítio pra se dar um filho ao mundo.
26/4/06 11:30
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