segunda-feira, outubro 29, 2007

Rat Race



Bob Marley
Rat Race


Sem dúvida que cada vez mais parecemos ratos tontos a bater com a cabeça nas paredes devido à nossa visão congénitamente fraca.

Aqui fica a versão deste senhor sobre esta história.


josé de arimateia, mais um que sabe em que roupas se esconde o mal

sexta-feira, outubro 26, 2007

Nova Ordem Mundial! façam as vossas apostas!

E depois digam que eu estou paranóico!!!

quinta-feira, outubro 25, 2007

Las Llamas




Porque, realmente, navegamos em oceanos perigosos...

quarta-feira, outubro 24, 2007

Oisar...

Coiso...
Coiso Coiso...
Coiso Coiso Coiso...
Blá Blá Blá...
ABLABLABLABLABLABLABLABLAR...

Sem qualquer margem para dúvidas este penalty marcado a favor da equipa da casa...

Retomando a partida com bolas ao centro do rectângulo de jogo...

Ai e tal e coiso...
Vou berrar aos 329 ventos que mudem o mundo...
E depois compro um banquinho p'ra me sentar, evitando assim a fadiga do eterno esperar....

Bem a palavra de ordem é vender antes que deixem de haver pessoas para comprar...

CARCARCAR...

O triunfo do mal está assegurado pela inacção e estupidez inerente às boas pessoas...

sexta-feira, outubro 19, 2007

Alerta! o aviso que transcrevo não é para levar a sério mas se acontecer ...

«THE KENNEBUNKPORT WARNING
To the American people, and to peace loving individuals everywhere:
Massive evidence has come to our attention which shows that the backers, controllers, and allies of Vice President Dick Cheney are determined to orchestrate and manufacture a new 9/11 terror incident, and/or a new Gulf of Tonkin war provocation over the coming weeks and months. Such events would be used by the Bush administration as a pretext for launching an aggressive war against Iran, quite possibly with nuclear weapons, and for imposing a regime of martial law here in the United States. We call on the House of Representatives to proceed immediately to the impeachment of Cheney, as an urgent measure for avoiding a wider and more catastrophic war. Once impeachment has begun, it will be easier for loyal and patriotic military officers to refuse illegal orders coming from the Cheney faction. We solemnly warn the people of the world that any terrorist attack with weapons of mass destruction taking place inside the United States or elsewhere in the immediate future must be considered the prima facie responsibility of the Cheney faction. We urge responsible political leaders everywhere to begin at once to inoculate the public opinion of their countries against such a threatened false flag terror operation.
(Signed) A Group of US Opposition Political Leaders Gathered in Protest at the Bush Compound in Kennebunkport, Maine, August 24-25, 2007»
CYNTHIA MCKINNEY, FORMER U.S. CONGRESSWOMAN, GEORGIA
CINDY SHEEHAN, CANDIDATE FOR U.S. CONGRESS, CALIFORNIA*
ANN WRIGHT, COLONEL US ARMY RESERVE, FORMER US DIPLOMAT*
JAMILLA EL-SHAFEI, ORGANIZER OF KENNEBUNKPORT PEACE DEMONSTRATION , KENNEBUNK PEACE DEPARTMENT*
DAHLIA WASFI, M.D. WWW.LIBERATETHIS.COM*
GEORGE PAZ MARTIN
JOHN KAMINSKI, MAINE LAWYER, IMPEACHMENT ADVOCATE **

o site de onde trasncrevi : http://zeitgeistmovie.com/activism.htm
WEBSTER G. TARPLEY, AUTHOR, 'UNAUTHORIZED BIOGRAPHY OF GEORGE H.W. BUSH' & '9/11 SYNTHETIC TERROR: MADE IN THE USA'
CRAIG HILL, GREEN PARTY OF VERMONT, CONGRESSIONAL CANDIDATE
BRUCE MARSHALL, ORGANIZER OF PHILADELPHIA EMERGENCY ANTIWAR CONVENTION, PHILADELPHIA PLATFORM, WWW.ACTINDEPENDENT.ORG, GREEN PARTY OF VERMONT
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* These four signatories have released a statement indicating that the Kennebunkport Warning was "altered" after they signed it. Bruce Marshall, who gathered the signatures, remains adamant that the signatures are authentic, the document has not been altered, and has offered photographic evidence to substantiate his claims.
** (This is not John Kaminski, author of "America's Autopsy Report", etc. Here is some of the Lawyer, John Kaminski's work: Impeachment: We’ve Got a Job to Do).

Rapaz Muco descobre a vida

Rapaz Muco deu por si atrás de um volante, numa via de aceleração - direcção, PORTO.
Não sabia exactamente o que fazia ali. Olhou em volta, conferiu os espelhos e atacou o IP descongestionado. Preferiu continuar a conduzir a deixar o carro perder o controlo - achou que não valia a pena perder a vida para descobrir porque estava ali.

Algo acabará por surgir... acontece sempre assim nos filmes - e em algumas histórias daquelas que uma pessoa pode ler. É como se a imaginação, essa representação de nós mesmos, tivesse medo de parar.Do horror ao vazio a natureza passa a ter horror à inacção...mas tal como o vazio, será que a inacção existe? ou é o que sobra entre as acções? esses contactos de moléculas, de rodas dentadas a encaixar, de uma continuidade a ser criada, sempre em risco de constante explosão?

Pensava isto e conduzia libertando-se habilmente de carros perseguidores, faixa da esquerda, acelera de cabeça vazia, olhar arguto, mãos dominadoras sobre a máquina. Qual é o próximo passo?

Esperar um telefonema... nem o narrador informaram do rumo desta história? Enfim, são 20h30 de um qualquer domingo, nunca nada acontece aos domingos..., e conduzimos com Rapaz Muco. Muito vago, mas indiciador: para onde é que ele vai? de onde veio? Podemos até acrescentar um porquê, quando e de onde saiu... onde vai chegar? e com quem?

Passa a ponte da Arrábida. As mangas indicam vento lateral, vindo do mar, pouco forte. Amanhã vai estar bom tempo, um pouco frio de manhã. Olhar de novo em frente, escolher um destino ou deixar rolar? Está distraído, ausente seria mais correcto. Olha em volta como se não fosse daquela estrada que está farto de percorrer; como se procurasse atalhos para chegar aonde não sabe que vai.

O rádio limita-se à sua tarefa de preencher os silêncios. Ele nem o ouve claramente de tão absorvido que está. Não posso continuar a andar aqui às voltas. Tenho de me lembrar para onde queria ir... e de como lá chegar já agora. Travagem súbita, carro a cruzar duas faixas de rodagem, buzinadelas várias, sinais de luzes persistentes... É com cada freak! Este pessoal ainda me mata.

Só lhe resta continuar. Entre rios, pontes e overdrives impressionantes estruturas de lama se erguem; luzes medindo a métrica à poesia do caminho. E nem o telefonema acontece. Só é ele e a noite de alcatrão. Ele ataca este dragão pisando mais um pouco o acelerador. O motor geme, cansado, e corresponde lentamente.

Rapaz Muco está encurralado. Apareceu aqui, procura a vida e apenas tem uma estrada negra e circular. Ele passa pelas saídas, soletra os nomes à procura do seu destino e rapidamente os ignora. Assim, nunca vai encontrar nada.

Atenção aos radares. O pé levanta-se automaticamente. Não se pode arriscar a afundar o seu frágil orçamento com a possibilidade de uma multa. Será que devia sair e ir ao hospital? Esta situação não me parece normal. Então dou por mim dentro de um carro, sem passado e com um futuro incerto... tenho em mim a impressão de ter memórias, de ter tido uma pessoa a crescer em mim... mas para onde foi ela? Sinto-me como se tivesse acordado e esquecido o sonho que me acordou.

Os hospitais sempre o aterrorizaram... médicos de afiados caninos e mãos enfeitadas de garras fazem parte do seu pesadelo genético. Um pouco mais e começa a descer em direcção ao Freixo. Vai aparecer um estádio, um shopping, vários apartamentos e escritórios para o exército dos favorecidos. A lei marcial do consumo e da concentração - da oferta e das pessoas.

Outro radar... Nada disto me interessa. Que situação estúpida. Ando aqui às voltas, não acontece nada, nem a merda do telefone toca. Ainda para mais parece que os maluquinhos vieram todos para a estrada. Para que é que saí de casa?

Em breve vai meter ponto-morto e deixar-se levar... acho que vou meter isto em ponto morto e deixar-me ir na descida... a ver se poupo um bocado de gasolina. como dizia, deixar-se levar até à entrada da ponte. Há um sinal que já lhe despertou a atenção: GAIA CENTRO.

Algo dentro dele diz-lhe que é por ali. Que por ali se regressa a casa. Que por ali o sonho termina e ele pode, finalmente, acordar .


Boas!

Para não me acusarem de andar a fugir ao jardim e a entregar-me ao facilitismo de debitar palavras que não as minhas (por muito significativas que essas palavras sejam), vou partilhar aqui convosco, em segunda mão (este capítulo foi escrito para o meu outro blog), a história do Rapaz Muco... um rapaz normal em todos os aspectos, excepto talvez aquela voz com quem ele fala dentro da sua cabeça.

Regressarei em breve com maizzzz... porque toda a gente quer maizzzz...

josé de arimateia, alimentando a sua própria insónia

quinta-feira, outubro 18, 2007

A Misteriosa Chama da Raínha Loana

"Fui ao Largo Cairoli e a banca estava fechada. Vagueei pela Rua Dante até ao Cordusio, virei à direita em direcção à Bolsa, e vi que ao domingo ali é o ponto de encontro dos coleccionadores de Milão. Pela Rua Cordusio bancas de selos, ao longo de toda a Rua Armorari velhos postais, cromos, depois todo o cruzamento da Passagem Central ocupado por vendedores de moedas, soldadinhos, santinhos, relógios de pulso, até fichas telefónicas. O coleccionismo é anal, devia sabê-lo, as pessoas estão dispostas a coleccionar de tudo, até caricas de Coca-Cola, no fundo as fichas telefónicas custam menos que os meus incunábulos. Na Praça Edison, à esquerda, bancas com livros, jornais, cartazes publicitários e em frente algumas até vendem bugigangas variadas, candeeiros Arte Nova, certamente falsos, tabuleiros às flores sobre fundo preto, bailarinas de biscuit.
Numa banca havia quatro recipientes cilíndricos, selados, onde, numa solução aquosa (formol?), estavam em suspensão silhuetas cor de marfim, umas redondas, outras como feijóes, ligadas por filamentos absolutamente brancos. Eram criaturas marinhas, holotúrias, pedaços de polvo, corais desbotados, e também poderiam ser o parto mórbido da fantasia teratológica de um artista. Yves Tanguy?
O dono explicou-me que eram testículos: de cão, de gato, de galo e de outro bicho, com rins e tudo o mais.
- Repare, pertencem a um laboratório científico do séc. XIX. Quarenta mil liras cada. Só os recipientes valem o dobro, tudo isto tem pelo menos cento e cinquenta anos. Quatro vezes quatro dezasseis, faço-lhe cento e vinte mil liras pelos quatro. É um bom negócio.
Aqueles testículos fascinavam-me. Por uma vez, era algo que não tinha obrigação de conhecer através da memória semântica, como dizia o doutor Gratarolo, e também não tinham feito parte da minha experiência passada. Quem é que alguma vez viu testículos de cão, quer dizer, sem o resto do cão, em estado puro? Procurei nos bolsos, tinha quarenta mil liras ao todo e numa banca não dá para pagar com cheque.
- Levo os do cão.
- Faz mal em não ficar com os outros, é uma oportunidade única.
Não se pode ter tudo. Voltei para casa com os meus tomates de cão e a Paola empalideceu: - É curioso, parece mesmo uma obra de arte, mas onde é que os vamos pôr? Na sala de estar, onde, sempre que ofereces caju ou azeitona de Ascoli a um convidado, este vomita na carpete? No quarto? Desculpa, não. Vais pô-los no escritório, porventura ao lado de algum livro setecentista de ciências naturais.
- Pensei que tinha feito um bom negócio.
- Será que tens consciência de que és o único homem no mundo, o único à face da Terra desde Adão, a quem a mulher manda comprar rosas e volta para casa com um par de tomates de cão?
- Pelo menos é uma coisa digna do Guiness. Além de que, como sabes, estou doente.
- Desculpa. Já eras doido antes. Não foi por acaso que pediste um ornitorrinco à tua irmã."

Umberto Eco, A Misteriosa Chama da Raínha Loana

domingo, outubro 14, 2007

Manifesto da Internacional Situacionista

Uma nova força humana, que a estrutura existente não poderá dominar, cresce dia a dia com o irresistível desenvolvimento técnico e a insatisfação dos seus usos possíveis na nossa vida social carente de sentido.

A alienação e a opressão nesta sociedade não podem ser mantidas sob qualquer uma das suas variantes, mas somente rejeitadas em bloco por esta mesma sociedade. Todo o progresso real fica evidentemente em suspenso até a solução revolucionária da crise multiforme do presente.

Quais são as perspectivas de uma organização da vida numa sociedade que autenticamente "reorganiza a produção com base numa associação livre e igual de produtores"? A automatização da produção e a socialização dos bens vitais reduzirão cada vez mais o trabalho como necessidade exterior e proporcionarão, finalmente, a liberdade completa para o indivíduo. Livre assim de toda responsabilidade económica, livre de todas as dívidas e culpas para com o passado e o próximo, o homem disporá de uma nova mais-valia incalculável em dinheiro porque é impossível reduzi-la para a medida do trabalho assalariado: o valor do jogo, da vida livremente construída. O exercício de tal criação lúdica é a garantia da liberdade de cada um e de todos na estrutura da única igualdade garantida contra a exploração do homem pelo homem. A liberação do jogo é a autonomia criativa, que supera a velha divisão entre o trabalho imposto e o ócio passivo.

A igreja queimou noutros tempos os pretensos feiticeiros para reprimir as tendências lúdicas primitivas conservadas nas festas populares. Na sociedade hoje dominante, que produz massivamente tristes pseudo-jogos da não-participação, uma actividade artística verdadeira é forçosamente classificada no campo da criminalidade. É semi-clandestina. Surge na forma de escândalo.

O que é isto, de facto, mais que a situação? Trata-se da realização de um jogo superior, que mais exactamente é provocada pela presença humana. Os jogadores revolucionários de todos os países podem reunir-se na Internacional Situacionista para começar a sair da pré-história da vida quotidiana.

A partir de agora, propomos uma organização autónoma dos produtores da nova cultura, independentes das organizações políticas e sindicais que existem neste momento, pois questionamos a capacidade delas organizarem outra coisa além da manutenção do que existe.

O objectivo mais urgente que estabelecemos - a tal organização, no momento em que deixa o estágio inicial experimental para uma primeira campanha pública - é a tomada da UNESCO. A burocratização, unificada em escala mundial, da arte e de toda a cultura é um fenómeno novo que expressa o profundo parentesco dos sistemas sociais coexistentes no mundo, sobre a base da conservação eclética e a reprodução do passado. A resposta dos artistas revolucionários a estas novas condições deve ser um novo tipo de acção. Como a existência desta concentração administrativa da cultura, localizada numa construção única, favorece o roubo por meio do golpe e como a instituição é completamente destituída de qualquer senso de uso fora de nossa perspectiva subversiva, nos achamos justificados diante dos nossos contemporâneos para tomarmos tal aparato. É o que faremos.

Estamos decididos em tomar posse da UNESCO, mesmo que por pouco, já que estamos seguros de fazer disso rapidamente uma obra que permanecerá, para esclarecer uma longa série de perguntas, como a mais significativa: Quais deverão ser os principais caracteres da nova cultura e como ela se compararia com a arte antiga?

Contra o espectáculo reinante, a cultura situacionista realizada introduz a participação total.

Contra a arte conservada, é uma organização do momento vivido directamente.

Contra a arte parcelar, será uma prática global que se dirija ao mesmo tempo sobre todos os elementos utilizados. Tende naturalmente a uma produção colectiva e, sem dúvida, anónima (pelo menos na medida em que, ao não estar as obras armazenadas como mercadorias, tal cultura não estará dominada pela necessidade de deixar traços). As suas experiências propõem-se, como mínimo, uma revolução do comportamento e um urbanismo unitário, dinâmico, susceptível de se estender ao planeta inteiro; e de ser prolongado seguidamente a todos os planetas habitáveis.

Contra a arte unilateral, a cultura situacionista será uma arte do diálogo, uma arte da interacção. Os artistas – com toda a cultura visível – chegaram a estar completamente separados da sociedade, do mesmo modo que estão separados entre si pela concorrência. Mas antes inclusive deste corredor sem saída do capitalismo, a arte era essencialmente unilateral, sem resposta. Superará esta era fechada do primitivismo por meio de uma comunicação completa.

Ao serem todos artistas, num estágio avançado, isto é, inseparavelmente produtor-consumidor de uma criação cultural, assistir-se-á à dissolução rápida do critério linear de novidade. Ao tornar-se toda a gente, por assim dizer, situacionista, ver-se-á uma inflação multidimensional de tendências, de experiências, de "escolas" radicalmente diferentes e isto já não sucessivamente, mas simultaneamente.

Inauguramos agora o que será, historicamente, o último dos ofícios. O papel de situacionista, de amador-profissional, de anti-especialista, é ainda uma especialização até o momento da abundância económica e mental, no qual todos se tornarão "artistas", de uma forma que os artistas não alcançaram: a construção da própria vida.

Entretanto, o último ofício da história é tão próximo da sociedade sem divisão permanente do trabalho, que quando aparece, o seu estado de ofício foi negado.
Aos que não nos compreenderam bem dizemos com um irredutível desprezo: os situacionistas, de quem vocês acreditam ser os juízes, julgar-vos-ão um dia. Esperamos por vocês no momento crucial em que é a inevitável a liquidação do mundo da escassez, sob todas as suas formas. Estes são os nossos fins e serão os fins futuros da humanidade.

Internationalle Situationniste nº 4, 1960

Deixando à consideração,
Babince

E agora para algo completamente diferente!

Um xamã africano levitando.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Um poema para distraír.

O CAÇADOR SIMÃO
(a Fialho d'Almeida)

Jaz el-rei entrevado e moribundo
Na fortaleza lobrega e silente ...
Corta a mudez sinistra o mar profundo ...
Chora a rainha desgrenhadamente ...

Papagaio real, diz-me, quem passa ?
-É o princípe Simão que vae à caça.

Os sinos dobram pelo rei finado ...
Morte tremenda, pavoroso horror !...
Sae das almas atónitas um brado,
Um brado immenso d'amargura e dor ...

Papagaio real, diz-me, quem passa ?
-É el-rei D. Simão que vae à caça.

Cospe o estrangeiro affrontas assassinas
Sobre o rostro da pátria a agonisar ...
Rugem nos corações furias leoninas,
Erguem-se as mãos crispadas para o ar !...

Papagaio real, diz,me, quem passa ?
-É el-rei D. Simão que vae à caça.

A Pátria é morta ! a Liberdade é morta !
Noite negra sem astros, sem faroes !
Ri o estrangeiro odioso à nossa porta,
Guarda a Infamia os sepulchros dos Heroes !

Papagaio real, diz-me, quem passa ?
-É el-rei D. Simão que vae à caça.

Tiros ao longe n'uma lucta accesa !
Rola indomitamente a multidão ...
Tocam clarins de guerra a Marselheza ...
Desaba um throno em subita explosão !...

Papagaio real, diz-me, quem passa ?_
É alguém, é alguem que foi à caça Do caçador Simão ...

Vianna do Castello, 8 d'abril de 1890.
Guerra Junqueiro

p.s. :Dedico-o aos nossos leitores no ministério da administração interna

quarta-feira, outubro 10, 2007

CUIDADO!!!!!!!! Eles andem aí!!!!!!!!!

Estava eu a divagar pela internet quando me deu na cabeça para ver as estatísticas desta nossa mercearia, procurei informações sobre a quantidade de visitas que foram efectuadas, qual os meses mais movimentados e de onde são os nossos leitores (maravilhas modernas que hoje estão a nossa disposição), tinha lá a lista das ultimas dez visitas.

Vi que tinhamos tido visitas da Colómbia(acho que não era o fornecedor de farinha do meu vizinho da frente), de Campinas no Brasil, de Barcelona(um abraço Johnny), e de varios pontos de Portugal. De cidades como a cheirosa Veneza de Portugal, de Ourém terra vizinha do local da grande Oura de 1917 onde três crianças mudaram Portugal, de Odivelas(não sei como), três do Porto(normal) e uma que me deixou perplexo já que vinha da capital do Império, não que não possamos ter leitores de Lisboa, mas de um servidor Ministerial, sim de um ministério ás 7:24 do dia 10 de Outubro. Do Ministério da Administração Interna, sim o ministério que tem como função zelar pela segurança de todos os Portugueses e de todos os cidadãos de qualquer nacionalidade que compõe a nossa sociedade.

Claro que o meu primeiro pensamento foi de que um funcionário público cansado dos seus afazeres tinha conseguido vir a tona, envolto em mares de papeis, e tenha feito uma pausa. Ligou a internet e foi ler blogs para desanuviar o peso de tanta burocracia.

Mas depois pus-me a pensar, então não despediram um director da Dren por gozar com as habilitações académicas do Sr Sócrates, não puseram o José Rodrigues dos Santos na prateleira da RTP por falar das interferências do governo no canal de televisão publico, não entraram dois polícias pelas instalações do sindicato de professores na Covilhã, onde o Sr Primeiro Ministro fez uma visita hoje, para ver que tipo de actividades subversivas andavam eles a fazer. Será que estamos a ser vigiados pelo Governo!!!!! Será que o grande Irmão não gosta de nós!!!!!!! E comecei a ouvir a musica do genérico dos X-Files na minha cabeça e voltei a terra. Refelecti novamente e decidi-me a não entrar por teorias da conspiração.

Deve ter sido o Gervásio, o moço de recados do ministério, que com a Reforma do Sistema de Segurança Interna e das Forças de Segurança que aliado ao Simplex tem mais tempo para estar na Internet cansou-se dos sites de porno e veio ler um blog onde se diz coisas.

Mas qual é o funcionário público que está a trabalhar ás 7.30 da manhã...

terça-feira, outubro 09, 2007

Mr. Tambourine Man




Mais uma das contribuições de HST para a compreensão das coisas... o facto de ter escolhido esta música para ser tocada no seu funeral fez-me parar para ouvir a letra com atenção... ou talvez seja a idade ou a depressão a bater. Ficar parado, apenas por vezes, e olhar para trás, relembrar e saber que após a colina há paz.

"Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jangle morning I'll come followin' you.

Though I know that evenin's empire has returned into sand,
Vanished from my hand,
Left me blindly here to stand but still not sleeping.
My weariness amazes me, I'm branded on my feet,
I have no one to meet
And the ancient empty street's too dead for dreaming.

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jangle morning I'll come followin' you.

Take me on a trip upon your magic swirlin' ship,
My senses have been stripped, my hands can't feel to grip,
My toes too numb to step, wait only for my boot heels
To be wanderin'.
I'm ready to go anywhere, I'm ready for to fade
Into my own parade, cast your dancing spell my way,
I promise to go under it.

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jangle morning I'll come followin' you.

Though you might hear laughin', spinnin', swingin' madly across the sun,
It's not aimed at anyone, it's just escapin' on the run
And but for the sky there are no fences facin'.
And if you hear vague traces of skippin' reels of rhyme
To your tambourine in time, it's just a ragged clown behind,
I wouldn't pay it any mind, it's just a shadow you're
Seein' that he's chasing.

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jangle morning I'll come followin' you.

Then take me disappearin' through the smoke rings of my mind,
Down the foggy ruins of time, far past the frozen leaves,
The haunted, frightened trees, out to the windy beach,
Far from the twisted reach of crazy sorrow.
Yes, to dance beneath the diamond sky with one hand waving free,
Silhouetted by the sea, circled by the circus sands,
With all memory and fate driven deep beneath the waves,
Let me forget about today until tomorrow.


Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jangle morning I'll come followin' you."

Bob Dylan


josé de arimateia

quarta-feira, outubro 03, 2007

EXCLUSIVO: Madeleine McCann.

Ainda não houve, até este momento, grandes razões para que se abordasse o tema Madeleine McCann n’Os Gajos do Jardim. Não houve nada de surpreendente em tudo quanto se viu, leu e ouviu. Trata-se de um espectáculo social com honras de tudo quanto é autoridade ou instituição.

O que motiva esta incursão ao tema é a demissão do coordenador da PJ de Portimão, por alegadas acusações à actuação da polícia inglesa face o processo de investigação. Gonçalo Amaral afirmava, em suma, que os investigadores ingleses apenas procuram o que lhes convém – a eles e aos pais da criança. Foi abatido.

Não precisamos sublinhar o que está subentendido em largas dezenas de posts que jazem neste jardim. Por estas bandas abunda o cidadão de toda a parte e ninguém toma partido em função de bandeiras. De qualquer modo, habitamos neste espaço cuja responsabilidade jurisdicional é entregue às instituições que conhecemos e tudo quanto é feito-desfeito-refeito afecta-nos a todos. Isto para dizer que, comparando as acções de cá com os actos de lá, os daqui estão francamente enganados. Quantos demitiram em Inglaterra por tudo o que se disse e fez em razão dos procedimentos da PJ? Não conheço caso algum. Talvez ainda possa falar-se com "alguma liberdade" nalgum lado. E bem. Se demitiram, não são exemplo e estas reprovações servem-lhes também.

Nesta novela, ainda o portugalzinho não tinha dado às caras de modo tão agressivo. Do mesmo modo como a adolescente não pode sair até depois da meia-noite por causa do que pensam os vizinhos, o coordenador da PJ é demitido para que não se pense, por lá, que aqui governam os “bananas”. Enganados estão. Colocaram o menino de castigo por ter deixado o pai ficar mal em frente aos convidados! Coitados. Gonçalo Amaral disse o que devia ser dito. Não porque está certo ou errado, mas porque é assim que pensa e vive o caso. Como o lápis azul está cada vez mais afiado, houve rabisco.


Para matéria jornalística está excelente. Imagino a quantidade de jornalistas que neste momento salivam. A história podia começar aqui, apesar de estas coisas já não serem novidade são sempre notícia, ora porque estamos socialmente mais pobres a cada aniquilação como esta e pelas razões que se demonstram. Até ao momento, observámos um caso de pequenos sucedidos, agigantados por pessoas bem orientadas e optimizadas com as ferramentas necessárias para um bom diálogo com as redacções de hoje. Bons fornecedores. Desapareceu uma criança - uma entre muitas. Algumas mais desaparecidas do que outras. Maus acessores de imprensa?

Não se estique esta demissão e amanhã continuarei a pensar o mesmo acerca do seu carácter noticioso. Mas não acredito: há que fazer render o assunto. E por antecipação retiro tudo o que disse.

Um pouco de saudade de notícias verdadeiras. Cansado deste jornalismo circense em que todos falam do mesmo mas ostentam o EXLUSIVO. A sociedade está já imbuída do espírito. Até este post, com este título deve vender jornais e fazer com que milhares repitam isto que se segue: fodasssss!

Apanhem o que for possível,
Babince

segunda-feira, outubro 01, 2007

Faz falta um "reset".

Chegará o dia em que, como noutras fases da história do país e da humanidade, impor-se-á a necessidade de fazer um “reset” à máquina e regressar, não ao princípio, mas ao início de qualquer coisa que pretenda chegar a outro destino menos igual a este que nos mostram por estes dias.

A organização das sociedades sempre jogou com interesses de vocação económica. Por tempos podíamos falar em alguns sectores de certo modo blindados, protegidos do óculo economicista. Em todo o caso, a produção de instruídos nos saberes económicos proliferou e estamos perante a vigência de um paradigma que defende a obtenção de resultados economicamente “favoráveis” quer no comércio de mata-moscas, quer na distribuição de paracetamol. É um facto: há um gestor em cada canto. Funcionar bem, hoje, significa funcionar barato. Ganhar, liderar, vencer, obter, aumentar, produzir (…)!

Do Estado.

O estado cria serviços. Uma enormidade de serviços servidos ao jantar. Com as “notícias”. As empresas criam-se na hora; as carteiras que se perderam agora são renovadas documento-a-documento num só gabinete; os jovens compram computadores a preços reduzidos, adiante… Acções que compete ao estado conceber e concretizar, qual administrador de condomínio. É a sua função.

A bem do interesse de todos, o estado representa uma fábrica de novidades! É a festa da “novidade”. A época de saldos é cada vez mais identificável. Os agentes de comunicação agradecem. A matéria-prima é boa, chega pronta a usar e vende como pipocas no cinema - isto daria outro tema não menos interessante. O estado agradece igualmente: televisão é verdade, jornal é mais verdade ainda.

São conhecidos os dotes do estado em matéria de propaganda. A sua orientação apenas depende de quem se encontra na posse dos comandos vitais. Todavia, independentemente de quem o gere, a figura “estado” tem uma especial vocação propagandista. Trata-se de uma instituição à qual as massas fazem orelha. Move, invariavelmente, os planos fundamentais que determinam muito do que somos colectivamente. Por tal, o estado comunica para muita gente. O estado tem muito público. E o estado e os estadistas sabem do marketing e de como vender sabões. Quando não sabem pagam a quem sabe. Não será absurdo dizer-se que, em bom rigor, há dinheiros transferidos para o domínio do estado usados para iludir aqueles que o transferem. No limite, muitos pensarão que quem não paga é que sabe o que está a fazer. Mas não vou por aí. Há aqueles que não bufam.

Da agricultura.

O continente africano vive em colapso eminente. Alguns dirão que estes termos tão-pouco se aplicam a África. Só se justifica o colapso quando há estrutura e África não tem estrutura. Ouro, petróleo, diamantes. O principal recurso africano, além das pessoas – óbvio – é o solo! África tem condições para se alimentar bem e como deve ser: barato. Todavia a produção agrícola não encontra meios de viabilidade em resultado das políticas europeia e norte-americana. África produziria muito mais barato que a Europa ou os U.S.A. não fosse os subsídios que os agricultores recebem para poder manter-se competitivos.

A Europa importa poucos produtos africanos plantando-se na situação de fornecedor promíscuo, manipulador e voraz. Como pode a Europa ser o maior exportador de açúcar com os custos de produção que por aqui governam? Impossível? Não. Trata-se de um cenário possível porque a U.E. paga a diferença aos produtores para que estes possam competir e praticar preços amigáveis. E isto sucede em tantos outros produtos como quantos são possíveis produzir em África e na Europa. O resultado está à vista – ou talvez não. África abandona progressivamente a agricultura e morre à fome.

Não bastasse a manipulação dos preços em territórios de ficção, europeus e americanos – entre outros – ameaçam romper com as ajudas (educação, saúde, alimentação, …) aos países africanos que neguem importar os produtos dos primeiros. Estes: fecham-se aos produtos daqueles! Yupie! Onde está o botão? O reset?

Alguém dizia que “(…) ou importamos os produtos deles [dos africanos] ou importamo-los a eles.” A verdade é que isto me parece tão explícito que nem quero acrescentar palavra. Apenas isto: venham todos, “isto” também vos pertence.

Da frustração geral.

O que fariam os agricultores da U.E. se África se tornasse a horta do mundo, arremessando o mercado europeu para uma inoperância gritante mediante um mercado justo, livre e igual para todos? Teriam de dedicar-se a outros afazeres.

Digo isto porque me parece que iriam fazer daquilo que não gostam, não sabem, ou não querem. Este é o cenário geral. Reina a frustração. A maioria diz não fazer o que gosta. O povo está triste. Triste como deve ser. Vulnerável como convém. Quem precisa saber disto, sabe. E vê-se que sabe… todos os dias, sempre que abrimos os jornais ou pedimos a um cliente de café que expresse a sua opinião. Aquela ladainha que ouvimos a todo o momento. Redundante. Inconclusiva. Como deve ser.

Plim,
Babince