O 2º Viriato em sentido figurado
«...Fernando Ruas, foi o último e o mais violento. Segunda-feira, incitou a população do seu concelho, Viseu, a "correr à pedrada" os funcionários do Ministério do Ambiente.» in www.Publico.pt
Todos fazemos parte da grotesca engrenagem em que se transformou a civilização humana. Uma máquina/teia que nos enreda e que assenta no consumo e produção, a liberdade tão proclamada é apenas virtual, o dia a dia é feito de rotinas e manipulações entorpecedoras dos arautos que agora aparecem nas televisões em vez de aparecerem nas praças ao som de cornetas, já não há lugar á novidade, á parte as inovações tecnológicas, vive-se a era da estagnação tanto a nível cultural, como em relação ás artes. Já não se inventam novas formas de viver, já não se inventam novos géneros musicais, já não se inventam novos estilos de pintura, tudo é repescado do passado.
escrevendo ao som de búzinas e foguetes, chegando à secretária depois de mais uma prevaricação na janela do escritório pergunto-me:
O Porto apresenta um sol grego que se instala nesta sala de espera de uma das mais movimentadas empresas de passageiros do norte de portugal. Sento-me numa das cadeiras enquanto consulto publicidade ao S.João do Porto por ali depositada, assumidamente destinada a cidadãos estrangeiros, enquanto que ao meu lado, de óculos dourados, uma idosa consulta uma publicação religiosa onde se lia sobre o sagrado coração de Jesus. Por momentos dei comigo a meditar acerca da máquina de propaganda que a igreja católica deverá ter ao seu dispor, do marketing estruturado e consciente dos seus objectivos e que tão bem cria ícones, símbolos, logos, entre outros elementos cuja digestão se dispensa quando nada mais há em que pensar.
Há um fechar de revista e os cinco minutos seguintes são passados a contemplar as circulações várias que me eram dadas a observar. A primeira conclusão é que a maioria dos transeuntes estão para lá dos sessentas, o que espero justificar o facto das senhoras estarem praticamente todas de rosto submerso por revistas de conteúdo que a nós não nos interessa, porque nada tem a ver com a nossa vida. De súbito alguém sentado ao meu lado, que eu já havia seguido há pouco porque se encontrava inexplicavelmente a beber café de olhos posto na máquina que acaba de o servir – estaria à espera de um “boa-tarde e obrigado” atirado com o brilho que só um sorriso simpático pode fazer emitir? A desilusão instala-se seguramente – ora, como dizia, sou interpelado pela dita pessoa, no feminino, que afirma saber que sou conhecedor de manhas de telemóveis e que o dela, preguiçosamente, se negava a captar a rede que lhe permite fazer os últimos contactos antes da viagem. Tomei conta do telefone e como calculam resolvi o problema. Simples desconfiguração das opções de rede, e eu não sou conhecedor de telemóveis, não ao nível que a dita julga que eu sou. Não sou.
O velho clássico começa agora a tomar contornos cada vez mais clássicos. O autocarro leva 40 minutos de atraso e sinto necessidade de mudar de pouso. Ergo-me, coloco a brochura são joanina na mesa onde a encontrei porque aquele S.João das marteladas, dos manjericos, das sete da manhã, dos bailes por todo o canto e esquina, e que ali se vende sob a forma contada, já eu conheço há muitos anos e para mim é de borla, ou pelo menos já foi, quando não era necessário regá-lo.
Encontro guarida ao lado de uma idosa que lia um exemplo daquelas revistas “de conteúdo que a nós não os interessa. Naquela publicação, salvo seja, era possível saber porque foi preso um ex-exemplo para a sociedade portuguesa, participante de um reality-show do tipo “isso agora não interessa nada!”. Mais, apresentavam-se fotos dos papás do detido, revoltados, defendendo a inocência do filho. É certo que o defendam, mas não é preciso que nos vendam isso. Pior, para que alimenta esta velhinha semelhante mercado? Umas dão-lhe no sagrado coração, outras no filho dos pais tristes porque aquele foi preso injustamente e hoje já ninguém lhe reconhece glória.
Não, obrigado! Atiro eu para um magrebino que tentava também ele, vender-me a ideia de que é cristão e tem dois filhos e uma mulher, repito, uma mulher, e que não tem emprego, etc. Não aceito o papel de impressão gráfica com imagens religiosas católicas que o magrebino tenta colocar-me
“O meu nome é Pedro. Saí há pouco tempo de um estabelecimento prisional e gostaria que me arranjasses um euro para não voltar à vida do crime!” Fico mudo. Em fracção de segundos reparo-lhe os brincos a imitar diamante, um para cada orelha qual jogador da bola, o moreno do rosto em olhos claros a adivinhar tardes de sol bem passadas, o cabelo arranjado à moda, a pulseira, os anéis, um para mindinho outro para o indicador, o discurso, dez cêntimos foi quanto lhe valeu porque era chato. Aproxima-se da senhora que lê o papel publicitário do Magreb católico, no mesmo instante em que o próprio Magreb se encarrega de levar o que é seu e o suposto ex-condómino de “um estabelecimento prisional” tenta argumentar perante a velha senhora. Estava prometido ao senhor dos dois filhos, atira a idosa. O mesmo voltaria a repetir-se, com alguém de meia-idade, sem constrangimentos verbais e que prontamente diz não poder dar a todos, sugerindo que dividissem o pouco que ela tinha para oferecer. Ainda lá ficaram. Acredito que lá se encontrem. Na sua luta diária. No soberbo lucro em virtude da boa vontade de quem tanto dá a revistas como dá a pedintes. Na aborrecida tarefa de ser aborrecido em troca de uns trocos.
-"Já não há pachorra!"- Última frase proferida pelos convivas antes deste texto ser redigido. Foi bastante a propósito, pois exemplificou perfeitamente o sentido desta composição!
Boas!
foto: quase
Existem duas coisas que são usadas como pretexto para justificar a ausência de sobriedade: a música e o futebol. Até concordo que não existe melhor, para acompanhar com estados de euforia, mas acho que antigamente era mais fixe:
Pena suspensa.
"... e agora já sabes que não voltarei. Tu és general, querido pai. Não há sentimentalismo fingido entre nós. Mas é-me difícil admitir que possas oferecer o teu filho em holocausto à "verdade", para empregar a tua palavra favorita. Tens poder para tirar-me daqui e evitar-em uma morte inútil. Não o fizeste. Não falemos mais disso. Contento-me em recordar-te estas palavras da última carta: "A tarefa de um soldado, em tempo de guerra, é pesada. Deves permanecer fiel à tua bandeira e vencer com ela." E eu respondo-te: Não há vitória, meu general! Há apenas homens que caem chamando pela sua mãe. Tranquiliza-te, saberei terminar convenientemente, ainda que pense que, aos 23 anos, é um pouco cedo. Beijos à mamã. Cuida dela, pensa na sua doença de coração. Adeus... meu general!"
Last time I was sober, man I felt bad
Jovem estudante de 23 anos foi apanhado com 0.20 gramas de haxixe, com mais 4 individuos que se encontravam a fumar haxixe na Praça Parada Leitão, junto ao Café Ancora D`Ouro vulgo Café Piolho, local sobejamente conhecido por tráfico e consumo de droga(dito pela autoridade), tendo mais nada se encontrado em sua posse.
Emitiendo para to'a la galaxia
Enjoativo, nauseabundo, fastidioso, é como defino todo este clima de efervescência desmesurada em defesa de portugal. Estou cansado de hinos e bandeiras com pagodes chineses, de gritos e desesperos, de velas e promessas, de loucos que pedalam quilómetros sem fim ou caminham com quilos de peso sobre si próprios, de doença desmedida, … de actos de afirmação patriótica. E quando todos pensam que a atmosfera portugalóide que se vive é fruto do “amor à pátria” (que nojo, perdoem-me), pois eu, em verdade vos digo, que hoje se grita acerrimamente “por-tu-gal”, do mesmo modo como se entoam durante o ano cânticos de “SLB’s”, “Pintos da Costa”, “Boabistaaas” e companhia ilimitada… com a desvantagem de que agora são aos ranchos e todos a dar-lhe no mesmo vira.
Mês de calor e de chuva, de muito trabalho para mim. Mês de exames, entrega de trabalhos, mês de mundial. Ando em filmagens de uma curta-metragem. Claro que tambem não tenho fugido à diversão. Posso dizer que tenho andado por aí e não me tenho enfadado com uma rotina que ainda bem para mim não tem existido mas me tem cansado por não conseguir dormir de uma forma rotineira e saudavel, talvez seja do calor.
Recuperando o título daquele que para mim é o melhor filme de Roberto Benigni, a vida é bela, não há sombra para qualquer dúvida, senão vejamos, num momento estou a cumprir mais um dia "di laboro" na área de serviço do costume, e de repente recebo uma mensagem que me porprocionou assistir a parte do concerto de Funkyard e reeencontrar alguns Amigos com quem já não estava á demasiado tempo, eles sabem quem são!
Porto de Marselha... Cais de Embarque... 11 horas e 30 minutos da manhã.
... nada a fazer...
...tudo reviram e subvertem...
Abraço...
Comecei a escrever. Agora é que é. Tenho de dizer coisas para que aqui, no Jardim Virtual, seja de facto um vegetal (eu).
Até ao dia em que a TVI reportou o espancamento da nossa vizinha do lado, depois de muitos “já a seguires”, num formato voz distorcida em que a vítima diz tudo o que jamais dirá à assistente social… todos aqueles “Ais!”, “Uis!”, por entre insultos e bugiganga que parte, durante noites a fio, não teve para nós qualquer importância. Só é verdade hoje, por que só hoje é notícia de televisão.
Apertando o “Stand-by”,
Babince
Olá dilectos amigos, eis que precipitam aqui neste ciberjardim meses depois da última vez, mais uma amálgama de ditos anódinos da minha própria lavra.