Boas!
Mais uma vez estes gajos a facilitarem com as datas... e logo quem havia de se lembrar?! De toda a gente havia de ser josé de arimateia, esse senhor com o calendário eternamente trocado, a recordar este facto.
Este jardim virtual começou há 2 anos. Com toda uma correria ao balcão da mercearia e um enorme vozear. Sem calma nem vergonha a recorrer ao livro do calote para apontar algumas coisas que não foram ditas e precisam de ser recordadas. 385 posts depois, qual é o balanço? Será que o jardim ainda floresce em nós? Da mais pura alegria ao ódio mais constante, divididos em eternos binómios, temos vindo a apresentar a nossa visão. Apenas mais uma, se formos a ver bem, e não muito amplificada neste
medium chamado internet. Também, não polulam aqui as gajas nuas em poses sensuais, nem as referências a sexo explícito. Muitas visitas, poucos comentários de fora... os
foras do costume continuam a marcar presença. Não que alguma vez tenhamos pensado nos comentários como sinónimo de um sucesso(?) que nem se procurava... queriamos comunicar, mostrar ao mundo que para além de intermináveis doses de energia tinhamos também uma cabeça sobre os ombros, algo para dizer.
Lust for life, claro. Uma coisa que faço muitas vezes é ler os posts todos, deixo-me levar pelo seu desenrolar cronológico, leio o site como se fosse um livro - humano, real, pleno. Somos uma obra em construção ou, por vezes penso, em destruição. Como se as ideias fossem corrompidas pelo tempo e pela urgência em viver.
2007 foi um ano estranho... Inconscientemente, todos aqueles que continuavam a frequentar o jardim sabiam que iria marcar uma ruptura como um passado muito mais
poético. Estava na hora de enfrentar as coisas... certas coisas, pelo menos. Convinha levar as coisas com calma. Lembro-me de estar na varanda da residência com tiago e mazi e falarmos sobre isto: as mudanças que 2007 traria e a rapidez com que sentiamos o nó a apertar-se à volta dos nossos pescoços. Um dos muitos fins de tarde na residência, a sentirmo-nos pequenos perante o espaço que se abria à nossa frente.
(Convém fazer aqui um pequeno parênteses para reflectir um pouco: todos os anos trazem mudanças. Se pensar bem, de 2000 para cá, todos os anos são plenos de coisas que mudam e se alteram - mas que muitas das vezes permanecem iguais sob diferentes capas. Portanto, porquê esta minha insistência, esta fixação quase doentia no ano de 2007? A perda de referenciais... a perversão total das coordenadas. Tão simples quanto isto.)
Começa a formar-se uma enorme diáspora. Diz que há gajos que vão plantar jardins lá para fora; diz também que já há jardins a crescer em pontos seguros da europa. Pequenos espaços verdes onde ainda se pode falar na própria língua do ser... com a frontalidade com que se vive. Sem as duplicidades do jogo de teatro que há lá fora. E quanto à confusão que cresce dentro, há sempre alguém a quem se pode mandar um mail. Diz também que há gajos que já plantaram árvores e homens... gajos e jardins a florescer. Algo para viver penso eu... aquela vida que se vive 24 horas por dia sem fugas e que ainda desconheço e sobre a qual apenas posso mandar bitaites.
E há gajos espalhados por aí, ao sabor do desenrolar das coisas chamadas
vida, vivendo os seus empregos, as suas dúvidas, certezas e incertezas. Desafios. Há os desaparecidos: nice nuno nunca mais disse nada. Há gajos que se preparam para ir fazer crescer pessoas - de jardins já eles sabem! Há muito tempo que não sei de muita gente. O muro está vazio há muito. A cerejeira está florida. A relva ainda convida à conversa e ao sorriso que o sol tráz.
E tempo? Para onde vai o tempo? Enquanto teclo aqui calmamente, pouco tempo depois de ter chegado a casa, sem nenhuma ideia em particular na mente excepto um enorme aviso luminoso que diz
"O TEMPO PASSA!" E já passou tanto sobre alguns momentos. O que significa perder a juventude? Essa ténue fronteira onde se começa a compreender que as fragmentações, por vezes, são mesmo fragmentações e que a publicidade está errada: que há coisas que nem a ciência consegue colar! Compreender esta enorme falta de tempo... esta tensão irrespirável no saco seco da garganta; o querer fugir, nem que seja a pé, para TENTAR... procurar a pérola no caminho que se faz: no que conseguiu crescer dos gestos.
"Do you really want to live forever, forever young?", uma pergunta profunda escondida sob a capa de uma música saída de um sárcofago. Alminhas! Mas digo que sim, e diria também que muito daquilo que digo ainda se deve a uma visão algo pueril do mundo. Mas há erros que não me importo de cometer - há que viver melhor.
Terça-Feira vou estar com Chiquince. Com um pouco de sorte, vamos ficar os dois todos zaninces da vida - e vamos matar o filho da puta do tempo que, como uma aragem fria, se vai intrometendo entre as pessoas. Antes de ir aí man, deixo-te com uma pergunta que me tem comida a cabeça toda:
Deveres sociais ou deveres prisionais? Você decide!
Agora até este jardim virtual começa a ter a relva mal-aparada; as árvores, os arvoros, crescem descontroladas e jesus (o nosso guarda-redes, não o jardineiro) também tem facilitado. O dono, nosso amigo babince, está enterrado em trabalho e não tem tempo para pegar no corta-relva e andar aí a correr atrás do mesmo em delírios artísticos para serem melhor apreciados do ar. É complicado... para todos.
“O excesso, ao amadurecer, produz a espiga do Erro. E no tempo da Ceifa apenas se recolhem lágrimas…” - Ésquilo", já foi dito aqui... Primeiro post de Mazi que, nessa luta de personalidades com Filipe, acabou por desaparecer, segundo palavras do próprio, uma noite na Casa do Sporting. Ainda bem que os teus dentes continuam afiados, meu rapaz, e que o bródio é grande e farto. Fica em paz e que as memórias te sejam doces. E aqui fica uma opinião: as coisas mais terríveis que nos fazem a nós mesmos são, em 90% dos casos, causadas por nós mesmos.
Se formos a pensar bem, de 2000 a 2006, foi o delírio: um delírio real e de crescimento. A metáfora da onda seria bem aplicada: a crista da onda e as responsabilidades onde ela acabou por bater e deixar a sua marca. Acho que não conseguiria ter tomado as decisões que tomei nos últimos anos se o Jardim não tivesse acontecido; se toda a gente que conheci no jardim e fora dele não tivesse existido. Para o bem e para o mal, estivemos lá e para mim foi real.
Se eu fosse a escrever tudo aquilo que me surgiu desde que comecei a escrever, ninguém leria isto. Diz que aprendi nas aulas que as comunicações na internet se querem curtas e grossas. O pessoal que anda a minar horas de trabalho a fazer pesquisas bizarras não tem tempo para ler, mas sim para ver. E há demasiada coisa para contar. "Quero manter o meu olhar puro como o de uma criança para continuar a ver cor no passado." - ainda ninguém o tinha dito aqui com estas palavras. É assim que eu quero ver as coisas! Ou nas palavras muito mais realistas de Martins "No fundo seremos sempre nós... No fundo nunca nos teremos rendido... No fundo são tudo máscaras passageiras de um dia a dia que, por acaso, sempre nos traz vivências novas... No fundo não queremos nada... Mas mesmo lá no fundo queremos tudo... Mas o que é que nós realmente queremos? Nada... Não queremos nada... Queremos que tudo flua para o bem de uma multifacetada sociedade global.
Não desistiremos, apenas ansiamos o próximo dia, porque é o próximo..."
Dentro de momentos recomeçam as minhas aulas e eu continuo acordado... nem sequer sei qual é o meu horário. Não consigo deixar de sorrir quando vejo que há coisas que não poderiam ser doutra forma. Daqui a pouco tempo, e isto tem o valor de um plano ainda não cumprido, a minha vida vai alterar-se de novo e 2009 será um ano ainda mais estranho do que 2007 foi.
Saudações aos jardineiros e jardineiras!
Signing Off,
josé de arimateia, nihilista sarronco numa recuperação perfeitamente inútil