sábado, junho 30, 2007

Louvor e Simplificação (fragmento)

Não sei ainda por que razão vou escrever hoje.

Estava em casa a ouvir "Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos" dito por Mário Viegas. Este poema escrito em 1946 por Mário Cesariny é publicado, incompleto em 1953. Reeditado em 1991, esta reconstrucção paródica entrelaça várias citações e alusões ao discurso decadentista e futurista pessoano e transforma-o através de técnicas de simplificação.

Subitamente pensei que isto talvez fizesse mais sentido partilhado... ou usando-o como espelho. Penso que Cesariny não se importava que usassemos um dos seus poemas como espelho.

Portanto, temos o "Louvor" e "Simplificação"... e só quando vi estas duas palavras juntas é que compreendi como elas estão próximas uma da outra. Todo o louvor é uma simplificação. Vejamos, os louvores são hiperbólicos, traçam quadros irreais usados para... louvar. Alguém já ouviu ou leu um louvor onde se dissesse que aquele personagem é um grande filantropo, mas que deixou morrer a sua avózinha à fome? Mas isto é apenas um exemplo. Portanto, louvam-se as qualidades, esquecem-se os defeitos. Isto já apuramos. Contudo, esquecendo os defeitos, os quadros que se traçam são mentiras... É uma perspectiva redutora da pessoa e dos seres humanos em geral, uma vez que cria uma imagem que se tenta respeitar: um mundo cheio de heróis vaporosos. Por isso a simplificação: "a alma humana tem abismos" profundos e tenebrosos; locais que ninguém sabe que existem; monstros sanguinários a viver nos batimentos do coração. Estão lá; existem, escondidos. Esperam alguém que os desperte.

Contudo, e por causa dos imensos louvores tecidos em teares de palavras e boas intenções que nunca sairão do papel ou do ar em que foram escritas, há sempre o choque, esse sentimento tão moderno de incredulidade e surpresa nascida da cegueira. Como alguém que fica surpreendido por chocar contra uma ENORME parede que nunca ninguém tinha visto. Normal... afinal de conta, não seremos todos grandes crianças cegas?

Mas divago...

Paro um pouco a enrolar o meu cigarro (chove)
E vejo um gato branco à janela de um prédio bastante alto
Penso que a questão é esta: a gente—certa gente—sai para a rua,
cansa-se, morre todas as manhãs sem proveito nem glória
e há gatos brancos à janela de prédios bastante altos!
Contudo e já agora penso
que os gatos são os únicos burgueses
com quem ainda é possível pactuar—
vêem com tal desprezo esta sociedade capitalista!
Servem-se dela, mas do alto, desdenhando-a ...
Não, a probabilidade do dinheiro ainda não estragou inteiramente o gato
mas de gato para cima—nem pensar nisso é bom!
Propalam não sei que náusea, revira-se-me o estômago só de olhar para eles!
São criaturas, é verdade, calcule-se,
gente sensível e às vezes boa
mas tão recomplicada, tão bielo-cosida, tão ininteligível
que já conseguem chorar, com certa sinceridade,
lágrimas cem por cento hipócritas.

Após anos de louvores temos sempre pessoas simplificadas. Bidimensionais.
Contudo, prefiro acreditar na tridimensionalidade a acreditar na santidade. Santos e santas são muito difíceis de encontrar. E há o ódio e a guerra e todas as baixas emoções humanas que nos afastam dos nossos objectivos e afastam os outros da espiral auto-destrutiva que se escolhe e fomenta e alimenta como o filho que nunca se teve.

Escolhas... são elas que nos humanizam ou desumanizam.

Divago
novamente...

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Não, não louvo... o tempo dos louvores já passou. Talvez simplifique de fragmento em fragmento as imagens que os louvores traçaram... Ou talvez seja o pior dos cegos. Ou talvez seja o pior dos otários. Ou talvez nunca tenha existido e tudo isto tenha sido um sonho benigno e eu vá acordar dentro de anos um homem novo e distante de tudo isto.

Eu e o gato fomos sempre a mesma pessoa. À janela... olhando com a mesma inteligência animal e miopia humana as qualidades e os defeitos e os gestos de quem passa.

Não quero saber de mais nada... Vou enterrar-me em literatura e esquecer o mundo.

josé de arimateia, olhando os fragmentos do espelho

sexta-feira, junho 29, 2007

Hot Hotter Hottest

30 days is long enough
So baby I won't call you anymore
I wish you'd rush into my arms
But every wish I wish is bound to do me harm
The phone it rang around half past one
And then I pull the plug out of the wall
The conversations that I have
They don't amount to nothing
Except for the ugly thoughts I have
The doorbell rang around half past two
And when I walk back inside my day was through
I think I slept all afternoon
And when I woke at night the moon was full
The neon flashing in the streets
And than I walk through town to a lazy beat
I take the phones off of my ears
Cause the music don't soothe me
It just makes me bleed
I wonder if I'm done with thinking
This prison room will be my grave
But now I'm all alone and drinking
Although I surely lost the taste
In the morning when I woke
I heard a noisy television host
I switch the man out of my room
Cause the games they don't thrill me
They just make me blue
The window's open
The curtain flies
I see the ghost of you before my eyes
I shiver as I turn away
I see the phone is waiting
I dial and I pray

Zita Swoon
Volto mais logo com outras mensagens
josé de arimateia

quinta-feira, junho 28, 2007

Conspiração ou um Golpe de Estado á americana!

acreditem se quiserem!

Insanidade

Tem havido muito silêncio aqui no jardim, como disse Zé, no post anterior a este, este era o jardim, já foi o jardim...
Os bons velhos tempos já não vão voltar mais. São bonitas as memórias, mas quando as circunstâncias e a rotina nos esmagam, circunstâncias e rotinas tais como trabalhar 7 dias á noite sem folgar, o que apetece fazer é vegetar em casa até ao próximo dia de trabalho.
Cada vez tenho mais dificuldade em perceber a palavra insanidade, será que insanidade era a vida que leváva-mos no jardim ou será que é trabalhar e sustentar este polvo gigantesco em que se está a tornar o governo português que para além dos impostos absurdos nos quer esmagar ainda mais com propostas de alterações escandalosas á lei laboral.

Falando de coisas, bem mais interessantes, deixo aqui uma sugestão musical de uma banda bastante subestimada, e que em 1985 já fazia som que ainda hoje come a cabeça a muita gente, e eu que o diga... Sonic Youth e o album de 1985 Bad Moon Rising:





Deixo aqui 2 vídeos de duas musicas que fazem parte deste cd:







Saudações e abraço!

quarta-feira, junho 27, 2007

Mais uma visão


Boas!

Este era o jardim... já foi o jardim.
Agora é um silencioso aglomerado de silêncio, memórias, sorrisos.
Significou algo para todos, e para todos significou algo de diferente.
Foram bons anos; bons tempos. A verdade vivia nos gestos - a loucura estava ainda longe da ponta dos dedos. Depois foi a falta de tempo; a falta de adaptação; a loucura e a revolta imerecidas; a perversão social. Restam imagens; restam memórias a preto e branco.


josé de arimateia, olhando em volta com a mente no passado

sexta-feira, junho 22, 2007

Direcção do Piaget culpada de praxe

Última sessão do processo cível que opõe a Ana Sofia Damião à direcção do Piaget
Tribunal de Macedo de Cavaleiros reconhece a responsabilidade da direcção do Instituto Piaget


Hoje teve lugar a audiência final do processo cível interposto pela Ana Sofia Damião ao Instituto Piaget de Macedo de Cavaleiros (IPMC), na sequência dos acontecimentos verificados durante as praxes em Setembro de 2002 naquela instituição de ensino superior.

Relembramos: a Ana Sofia foi coagida, insultada, obrigada a simular orgasmos e a despir-se e a vestir a roupa ao contrário, entre outras arbitrariedades. Tudo isto contra a sua vontade e no interior das instalações da universidade.
A Ana optou sempre por não calar a sua indignação e nunca desistiu de exigir responsabilidades a quem as tinha e tem. Logo após o sucedido, apresentou queixa junto da direcção do IPMC (bem como na polícia) e deu conhecimento ao Ministério.
A resposta da direcção do IPMC foi, no entanto, muito pouco corajosa, optando pelo caminho fácil da conivência com os agressores e hostilidade perante a vítima: um inquérito, de procedimentos muito particulares, desenvolvido por aquela direcção veio a punir a Ana com uma repreensão escrita "pela forma subjectiva excessiva como relatou os factos, que sabia não terem gravidade". Era apenas o início de uma verdadeira odisseia, na qual a Ana se viu obrigada a abandonar a faculdade (e até a própria cidade!), perdendo um ano da sua vida académica e com consequências sérias para a sua saúde.
Para a direcção do IPMC, a Ana devia pagar por ter tido a ousadia de não aceitar as regras ditadas por um status quo mantido intocável. Pelo caminho, ficámos ainda a saber – através de declarações de um professor que ocupou funções de direcção na altura – que o IPMC sempre geriu o caso como uma oportunidade de publicidade! Nesta voragem de lucro através do ensino, está encontrada mais uma razão para descredibilizar a vítima e proteger os agressores.

Neste processo cível, a Ana reclama 70 mil euros ao IPMC pelos danos causados. Ficámos hoje a saber o que conta como prova para o efeito. O Tribunal de Macedo de Cavaleiros declarou como provadas as seguintes situações: a direcção IPMC tinha conhecimento e aceitava com naturalidade a existência e o conteúdo das praxes no Instituto, nomeadamente porque aceita e legitima o dito "Código de Praxe"; a direcção do IPMC conheceu, em tempo útil, os factos ocorridos com a Ana Sofia Damião, que deram origem a este processo; a Ana ficou revoltada, triste e humilhada na sequência do ocorrido; a degradação do estado de saúde da Ana, consequência de todo o processo, levou-a a abandonar a faculdade.

Esta é, sem dúvida, uma decisão inédita e da maior importância. É a primeira vez que um tribunal reconhece as responsabilidades objectivas de uma direcção de uma universidade relativamente a esta temática. Desmentem-se, assim, felizmente, as palavras de Luís Cardoso (Presidente do Conselho Directivo do IPMC, na altura), para quem, perante a determinação da Ana Sofia, ousou declarar que "o caso está encerrado. Ponto final, parágrafo!". A coragem da Ana, que nunca desistiu perante as arbitrariedades e contrariedades que enfrentou nos últimos anos, já valeu a pena. Saudamo-la mais uma vez por isso.
Em breve ficará a saber-se qual o montante, no caso de existir, da compensação monetária a atribuir pelo IPMC à Ana Sofia Damião. Esperamos por ela com expectativa. Mas, independentemente do valor final ou até de essa merecida compensação se vir a verificar, sabemos que ele nunca poderá recuperar os danos causados. O significado desta decisão é, portanto, muito maior: o que aqui esteve e está em causa é saber se a impunidade, as arbitrariedades e as violências da praxe continuam a merecer a conivência acanhada de quem tem responsabilidades no ensino superior. No fundo, está aqui em causa a Escola e a forma como vivemos nela.

ver mais aqui


josé de arimateia, passando a palavra

quarta-feira, junho 20, 2007

Tom Sawyer

EPISÓDIO 1 - PARTE 1 de 3


EPISÓDIO 1 - PARTE 2 de 3


EPISÓDIO 1 - PARTE 3 de 3


Um dia falarei mais sobre estas imagens. Em todo o caso posso dizer que passei anos a alugar a K7 de vídeo com este episódio. Não se falava era em Euros. De qualquer forma parece-me bem adaptar-se para que as novas gerações não percam isto de vista. Divirtam-se!

Distribuindo alegria,
Babince

sexta-feira, junho 15, 2007

Soja, Pseudo-Vegetarianos e McDonald's devastam Amazónia!

Há muito mais para pesquisar na internet acerca do assunto. Faça-o quem acha o que deve fazer.

Informando,
Babince

A menina da discórdia e o ódio entre pares.

Demasiado tempo fora do jardim. Demasiado. Fez com que acontecessem coisas demasiadas. Se bem me "lembra" não sento na relva húmida desde a estadia em Barcelona. Pois então comecemos pelo regresso.

As primeiras horas em Portugal fora de readaptação, como sempre depois da viagem. Sou inesperadamente abordado, no sentido de manifestar a minha opinião acerca do desaparecimento de uma tal menina inglesa. “Qual menina inglesa?” Estava completamente mergulhado no conforto da ignorância, que no caso só me estava a proteger de mais um espectáculo mediático. Não colocando em causa o esforço mantido pelos progenitores, o certo é que para a comunicação social opera um gigantesco processo de canibalização, comendo tudo o que há para roer a estas duas criaturas que fazem o que lhes compete, e que desesperarão quando uma bomba rebentar em qualquer lugar de importância e a história não vender mais revistas.

Estamos a viver mais um “caso inglês” e não quero abordar o tema pelas razões do costume. Melhor, o objectivo é falar sobre o tratamento que “inglaterra e os ingleses” têm protagonizado face à actuação da polícia portuguesa, da comunicação social, das autoridades, dos restaurantes e amoladores de facas. É certo que inglaterra tem manifestado sentimentos de desagrado. Manifestassem milhões de opiniões favoráveis e teriam popularidade zero: não vendem jornais.

Em todo o caso, grave é receber um e-mail de teor xenófobo que procura colocar seres humanos na forca pelo facto de serem “ingleses”, terminando com uma apelativa frase: “Ao fundo com a Inglaterra e puta que pariu os ingleses!" Depois de acusar inglaterra de “ (...) merdosos, que já no tempo da guerra afirmavam que a Europa estava completamente isolada pelo nevoeiro, estes ilhéus provincianos que em pleno século XXI continuam a conduzir fora de mão e a alimentar uma realeza de putaria, estes negreiros sem vergonha que espalharam e deixaram escravatura e racismo pelos quatro cantos do Mundo, estes arruaceiros de merda que espalham o terror pelos campos de futebol da Europa, têm o topete de viver trinta anos num país que lhes oferece um sol radioso, como eles nunca imaginaram existir, sem se darem ao trabalho de aprender uma palavra da nossa língua, ainda têm tempo de antena num canal de televisão nacional para falarem mal de nós?”

Isto é manifesto desespero de um portugal sem argumento, que recorre ao mais infame recurso anti direitos humanos. Não se trata de “baixar as calças” como diz o tal e-mail, mas de aproveitar a oportunidade para ter um gesto de elevação perante aqueles que conseguem chegar à TV e vociferar merda sobre o outro, independentemente de ser português ou croata.

O dito texto diz ainda que ainda há quem se admire por “ (…) meia dúzia de gatos-pingados, apreciadores de concursos televisivos, reabilitadores de apresentadeiras escorraçadas da política, façam do maior ditador do século vinte, o maior português de sempre.” Quanto a isto só há a dizer que “o maior português de todos os tempos” dizia que “Um país pobre é um país invencível.”, e a verdade é que ainda há muito homem de dinheiro que acredita nisto. O autor deste e-mail acaba de se colocar no mesmo saco da intolerância e trogloditagem.

Voltando a esmurrar a mesa,
Babince

Crise no comércio tradicional

Boas.

Aqui a mercearia está a ressentir-se das imensas obras e mudanças à nossa volta. O bairro está irreconhecível; os caminhos antigos deixam de existir e dão lugar a imensas autoestradas, cicatrizes negras; a vizinhança mudou-se: o bairro está perigoso. As pessoas preferem o ambiente completamente estéril do shopping... o silêncio dos corredores e as suas prateleiras cheias de nada.

O pó cai sobre o livro dos calotes... centenas de conversas em cada conta de somar, amigos em cada rosto que entrava. A ferocidade do progresso comeu a bondade e tudo se subtraiu. Lê-se em cada prateleira os sinais do desuso, a falta de calor humano, a voz a perguntar, quanto é o saco de amendoins que está aqui na prateleira de baixo entre a cerveja e o vinho tinto de garrafão, lá para o fundo da loja, perto da fruta, onde estava a caixa e o sorriso...

Nada disso existe agora. Há sombras negras e pó da estrada... edíficios crescem e na sua sombra crescem musgos... O tempo fragmentou-se e deixou de haver tempo para o tempo que nos crescia das mãos e deixavamos perdido pelo chão... que fazer agora a este stress que me consome?

And now the ticktock of the clock é o métrica que dirige os dias, planos de fuga traçados em mentes fugidias, ordem na desordem que trocava o passo - duplos sentidos na dupla face das palavras.

A fome de tempo está a matar o comércio tradicional...

Alguém conhece alguém que oriente aí um tempo?

josé de arimateia, pela madrugada fora.......

quinta-feira, junho 07, 2007

Inimigo publico nº 1

Tu,
aquele que te tolda o raciocinio,
aquele que te faz acreditar que tens razão,
aquele que te indica o que não gostas,
aquele que te faz acreditar que o mundo está todo contra ti,
aquele que te afasta os que gostam de ti,

o ego que te dá tanto de auto-estima como te destrói.


Não te percas...