Crise no comércio tradicional
Boas.
Aqui a mercearia está a ressentir-se das imensas obras e mudanças à nossa volta. O bairro está irreconhecível; os caminhos antigos deixam de existir e dão lugar a imensas autoestradas, cicatrizes negras; a vizinhança mudou-se: o bairro está perigoso. As pessoas preferem o ambiente completamente estéril do shopping... o silêncio dos corredores e as suas prateleiras cheias de nada.
O pó cai sobre o livro dos calotes... centenas de conversas em cada conta de somar, amigos em cada rosto que entrava. A ferocidade do progresso comeu a bondade e tudo se subtraiu. Lê-se em cada prateleira os sinais do desuso, a falta de calor humano, a voz a perguntar, quanto é o saco de amendoins que está aqui na prateleira de baixo entre a cerveja e o vinho tinto de garrafão, lá para o fundo da loja, perto da fruta, onde estava a caixa e o sorriso...
Nada disso existe agora. Há sombras negras e pó da estrada... edíficios crescem e na sua sombra crescem musgos... O tempo fragmentou-se e deixou de haver tempo para o tempo que nos crescia das mãos e deixavamos perdido pelo chão... que fazer agora a este stress que me consome?
And now the ticktock of the clock é o métrica que dirige os dias, planos de fuga traçados em mentes fugidias, ordem na desordem que trocava o passo - duplos sentidos na dupla face das palavras.
A fome de tempo está a matar o comércio tradicional...
Alguém conhece alguém que oriente aí um tempo?
josé de arimateia, pela madrugada fora.......
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