quarta-feira, março 08, 2006

Tédio Para Além de 1979, Insanidade Virtual, Sociedade Redutora e O Elogio do Absurdo

Bem acho que já é Quarta-Feira, mas hoje é daqueles dias em que para mim criatividade rima com... bitoques de alumínio, como se dizia na extinta e saudosa Rádio Vox, que de certo modo faz parte do imaginário do jardim, mas como estava a dizer não sei sobre que assunto escrever, pelo que vou dizer um punhado de coisas avulsas, ou se preferirem um punhado de absurdices, pensamentos que de quando em vez me assaltam a mente. Existe uma banda chamada " Death From Above 1979 ", que por acaso acho interessante, mas mais interessante que o som acho ainda o nome da banda pois dá azo ás mais variadas interpretações, e ainda por cima foi no dito ano que eu entrei no World of Flesh. Não iria tão longe em considerar que existe apenas morte para além de 1979, nos mais variados significados da expressão, mas acredito piamente que para os chamados "groovejunkies", para o pessoal que utiliza a droga para melhor apreciar uma boa musica (classificação dentro da qual de alguma maneira me incluo) acho que se pode dizer " Tédio para além de 1979 ".Desde o final dos anos 70 que, salvo raras excepções, a criatividade e a qualidade da musica produzida deixa muito a desejar, e não me estou a referir apenas aos decadentes anos 80. Bandas como The Doors, Jefferson Airplane, Mot The Hoople e artistas como Jimmi Hendrix contam-se pelos dedos nestes últimos 30 anos. Claro que esta é meramente a minha opinião pessoal, subjectiva mas creio que várias pessoas concordam, mas isso não interessa, gostos não se discutem.

Mas a musica é apenas uma das coisas que se transformou em tédio depois de 1979, a explosão das tecnologias de informação em 80 e 90 de certo modo desumanizou as sociedades, o que parece um paradoxo, pois é suposto as mesmas aproximarem as pessoas. É um bocado absurdo estar a dizer isto estando eu a escrever num blog na Internet, mas as televisões, os telemóveis e os computadores mudaram definitivamente os relacionamentos humanos. Tenho saudades de ir á Mercearia do Sr. Manuel buscar fiambre para a minha avó fazer umas sandes para o lanche e mitrar o troco para quando vier o padeiro (que faz a ronda de porta em porta assinalando a sua chegada com uma estridente buzina) comprar uma Bola de Berlim e comê-la ás escondidas, tenho saudades do tempo em que o pessoal para comprar som tinha de andar duas semanas ou três a juntar 50 escudos para ir á baixa comprar um vinil LP. Agora um gajo vai ao Continente pela banda larga e compra CD’s á distância no site da Fnac.

Claro que é muito vantajoso e poupa-se tempo e tudo mais mas de certo modo cria nas pessoas uma certa insanidade virtual, quer dizer, há pessoal que tem o seu emprego na Internet, escusando-se a sair da casa para ir para o trabalho, arranjou a esposa num site de Adult Friend Finder etc etc e casos extremos em que indivíduos ganham fobia de sair de casa ou de falar com as pessoas ao vivo.A sociedade actual, reduz as pessoas a números de Bilhete de Identidade. De certo modo a vida é constituída por 4 etapas: Nascimento, Escola, Emprego e Morte, o Criador concede-nos a existência, a sociedade "oferece" a escola e o emprego, isto, se tivermos a sorte de vivermos num país civilizado (de acordo com a noção de civilizado que os mesmos países criaram) e de não ter nascido num bairro de lata ou numa favela. Portanto aos olhos da sociedade somos números mecanográficos com uma função pré definida e, se morrermos cedo tanto melhor, pois são mais umas coroas que o estado poupa em pensões de reforma. Citando o avô de alguém: "Existem dois tipos de pessoas, as que trabalham e as que ficam com o crédito. Eu prefiro fazer parte das primeiras pois há menos concorrência."

A sociedade como que nos mete numa redoma, o papel que temos de representar na sociedade e o ritmo de vida que esta nos impõe cerceia a busca que todo o ser humano racional faz desde o inicio dos tempos: pensar e perceber as "coisas" que segundo Kerouac são como "visões para além do alcance da visão humana". Não admira que existam tantos alienados sociais."The only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing, but burn, burn, burn, like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars..."Depois de algumas absurdices ditas, só me resta elogiar o absurdo, para não parecer tão mal, além disso, se Erasmus elogiou a loucura porque não elogiar o absurdo.

Aliás se tudo tivesse lógica e coerência não existiriam os Monty Python...

Saudações e Abraço!
Xiquince

1 Comentários:

Blogger Unknown Disse as coisas que se seguem:

um olhar mais claro que o do comum mortal; uma voz mais silenciosa que um deus qualquer. Só espero é que todos nós não andemos à procura do "old Dean Moriarty, the father we never found" para nada, por um mero erro de cálculo!

Aquele abraço man!

8/3/06 23:32

 

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