Isso são outros Carnavais....
Bem hajam
Começo a rotinar a minha habituação de escrever todas as quintas-feiras para a nossa tertuliante comunidade ajardinada, todavia é essa mesma rotina que castra qualquer hipótese de vos apresentar a novidade, assim, pura e simplesmente nova.
Co-habitámos num país amorfo, cariado, amputado, onde o zé é cada vez mais ninguém e os ciganos proliferam como cerejas de quilo em primaveras inconstantes.
Co-existimos na mentira, atirados para pressupostos universais e humanizantes somos enganados ao sabor do vento que passa. Somos envolvidos como se a cabeça não fosse nossa ou mesmo até como se ela fosse propriedade de algum iluminado.
Co-navegámos num pântano onde tudo é clássico e fútil, onde o jornal da manhã traz as mesmas noticias à mais de trinta anos e, mesmo assim, ninguém é capaz de retirar delas lições do passado para ensinar o presente e precaver o futuro.
Co-enjoámos com tudo isto, com tudo aquilo que faz a roda andar e nós não vemos…
É difícil trazer-vos novidades pois mesmo que eu as tivesse elas encarnariam o clássico logo que as pensasse.
Porquê?
Talvez o planeta tenha deixado de girar, talvez os acontecimentos se repitam de x em x tempo, talvez isto seja tudo irreal, talvez seja um sonho passageiro, quiça uma azia matinal ou mesmo uma peça de fruta.
É difícil explicar o inexplicável…e, sendo assim, parece-me que tudo isto é Carnaval!
Mas Carnaval à Portuguesa, assim de cebolada e com batatinha à rodela.
É seguramente o momento de maior relevo de toda uma nação, é o dia institucionalizado que representa, retrata e celebra todos os outros dias do ano. Sinto-me particularmente feliz no Carnaval pois o país é festejado e, eu como amante assumido e fervoroso da pátria saio para a rua aos pinotes e junto-me aos milhões e milhões de populares carnavaleiros que demonstram num só dia aquilo que fazem no resto do ano que é, resumidamente, nada mas sempre numa rambóia frenética de histeria prevaricadora,hoje de bisnaga, amanhã de pistola ou decreto-lei.
É o dia da verdade, o dia em que todos nós mostrámos realmente os ciganos nos quais nos tornámos, é o dia em que todos são a favor de tudo, é o dia do perdão.É o dia onde o aferroado partidário democrata-cristão e opositor do casamento homossexual aparece num qualquer cortejo “vestido de mulher, com os lábios pintados e rodeado de foliões e travestis”. É o dia do caruncho e da mulata de Loulé. É o dia de todos os concelhos se mascararem de Rio de Janeiro com 5º graus centigrados. É o dia em que ouvimos falar de sítios que não lembram ao diabo. É o dia onde todos são mais um e cada um é o maior, o patrão. É o dia que ninguém sabe o que se festeja, mas festeja mantendo-se assim a mais velha tradição nacional: Não levar a mal.
Para mim é o Dia de Portugal.
-“Fevereiro já não dá, Carnaval a 10 de Junho já!”
-“É Portugal ninguém leva a mal.”(pensamento intrínseco de todos aqueles que têm poder para, ou que tomam decisões a qualquer nível, ou mesmo de todos nós e até daqueles que já não conseguem pensar)
É PORTUGAL NINGUÉM LEVA A MAL!!!
do vosso sempre querido…
1 Comentários:
"Portugal e Carnaval: coincidência sem igual!"
4/3/06 16:57
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