Não me sinto muito confortável com rótulos do tipo "rei", "senhor de", "maior em", contudo parece-me ter morrido uma das mais importantes figuras da música do Séc.XX.
É impossível não lembrar o fenómeno "Thriller" que rendeu 1 ano e meio de singles, vendeu mais do que qualquer outro disco e tocará para "sempre". Com este fenómeno aprendemos também para que estaria talhada a indústria musical. E Michael Jackson: o músico, compositor, produtor e entertainer foi também para a indústria um pioneiro.
Gerador e fomentador de fortunas de origem musical. A sua fortuna e a de todos os que o rodearam: managers, produtores, compositores e arranjadores, editores, publishers, agentes, distribuidores de discos e de merchandising, proprietários de estádios, arenas e salas de concertos, desenhadores de cartazes, impressores de cartazes, vendedores de bilhetes, etc, etc, etc. Talvez mais do que qualquer um que o antecedeu, sobretudo porque se vale de uma ferramenta que o serviu: a comunicação de massas.
A indústria terá percebido com Michael Jackson, a enorme vantagem e a rentabilidade que pode gerar uma figura, um personagem, só. Ao contrário de 4 ou 5 músicos com personalidades diferentes, expectativas diferentes e objectivos pessoais diferentes, como tantos outros que aborreceram a indústria nos anos 1960's e 70's, e por aí adiante. Mick Jagger e Keith Richard presos a irmãos Gallagher em sucessivos episódios.
Ainda que tenha existido outras carreiras a solo bem sucedidas antes de Jackson, nenhuma delas, acredito eu, terá assumido os mesmos contornos. Assim, Michael Jackson abria portas para dezenas de artistas Pop em nome pessoal, muitos deles, como Jackson, extraídos de projectos musicais colectivos, o que fundamenta ainda mais a ideia de que sozinhos são mais "controláveis", e portanto, mais rentáveis. Diria que Robbie Williams é um exemplo acabo disso, depois da vida tumultuosa que antecede a sua carreira a solo. Todos pensarão nos incorrigíveis como será exemplo a Amy Winehouse ou o Pete Doherty, que ainda assim pertence aos Babyshambles. A indústria de hoje também se alimenta destes personagens.
Por fim, uma abordagem à loucura mediática em que se tornou esta notícia: o The Times diz que o LA Times diz que... e o LA Times diz que o The Times diz... a Reuteurs diz que um site diz... e um site diz que a CBS diz... a CBS diz que um site diz o que o The Times diz... a SIC diz que a Sky News diz que a CBS diz o que o site diz ao LA Times, que por sua vez diz ao The Times. Bom, o que estes "canibais" gostariam é que morresse um Michael Jackson por dia. Isso é que era bom. Isso é que era matéria-prima da boa. Quando não há quem citar: CITAM-SE UNS AOS OUTROS. Até dá náuseas.
Termino sublinhando a memória de Michael Jackson e acima de tudo o seu contributo para a música: da pop ao funk, do r'n'b à soul, do rap ao etc. Muito grande!
I'm Bad,
Babince