terça-feira, outubro 24, 2006

OE pouco-cultural.

Vamos a contas: o Orçamento de Estado para 2007 (OE) contempla a cultura com uma redução em 7%. Um total de 236,8 milhões de euros; 0,4% da despesa da administração central e 0,1%… repito, zero vírgula um por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Acham que é preciso cortar mais? Julgam ser necessário privatizar mais? Com que objectivo? Reduzir a despesa? Desculpem-me o registo, mas: Não me façam rir seus tontos! Não se trata de reduzir a despesa, trata-se de terminar com ela de vez. E uma sociedade com o norte bem definido daquilo que é o investimento (sublinho investimento) no capital humano, não pode promover tal desinvestimento nas camadas culturais que a compõem.

Estamos com as prioridades alteradas mais uma vez, como naqueles tempos em que os fundos que concederam a este país para que se instruísse e se preparasse solidamente para a selva capitalista em que nos encontramos, foram canalizados para a obra pública do betão armado e dos quilómetros de auto-estrada. Supostamente, alcatrão que deveria levar empresas a umas certas zonas industriais fora das grandes cinturas urbanas. Zonas que hoje estão vazias de tudo, porque não há quem ali saiba, sequer, o que é um circuito integrado ou um componente de um qualquer aparelho de ponta.

Infelizmente, a abundância regista-se em funcionários não qualificados, capazes de fazer tão-somente o mesmo tipo de trabalho que uma criança de 10 anos algures em Taiwan. Não por culpa sua. Mas porque alguém gastou o dinheiro da sua formação em obras que não mais fizeram que encher de ouro as bases, e os topos, do lobby da construção civil.

Hoje, há por aqui estradas. Há. Há por aqui carros e créditos-para-comprar-carros e habitação-e-apartamentos-para-mais-que-muitos. Há. O que não há é formação e pessoas armadas de conhecimento para fazer face ao “hoje” e capazes de gerar riqueza para que, agora que necessárias, se construíssem as ditas auto-estradas. Daí que o investimento na cultura continue tal qual nos parece, porque, segundo “eles”, não vale a pena gastar orçamento naquilo que o povo não consegue descodificar. O bom é que não consiga, não vá o povo saber tanto ao ponto de “nos questionar”.

Reflectir. O momento é de reflexão.

Apenas e só,
Babince
babince@gmail.com

1 Comentários:

Blogger Patrícia Posse Disse as coisas que se seguem:

Boa reflexão ;)

é uma pena k o OE ñ contemple a importância k o investimento cultural tem na vida em sociedade. Por isso é k há pessoas mal formadas à frente dos destinos da nação :/ Investir na cultura devia ser uma prioridade... é lamentável k ñ seja assim...
***

29/10/06 03:19

 

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