quarta-feira, outubro 11, 2006

Um “besta” entre tantos outros.

Chove. São as primeiras chuvas às quais sinto vontade de chamar invernosas. Inverno que não raras vezes é pano de fundo do que de mais triste se passa por essas vidas. Seguro inseguro toda a parafernália de objectos que habitualmente me acompanham: chaves, telemóveis, casacos, cadernos, livros, canetas, acessórios para uma higiene oral constante, coisas. A quem interessa tudo isto. Mal consigo organizar-me acabado de sair do carro, levanto a cabeça e os meus olhos fixam-se de pronto do outro lado da rua onde caminha um par de transeuntes. Ele, em fúria, debita palavras menos agradáveis de se ouvir àquela que é, como veremos, sua “legitima” esposa. Em abono da verdade, recorre a um vocabulário que ninguém, independentemente das conexões familiares ou outras do emissor, se sente dignificado ao ouvir. Ela está humilhada. Ele diz-lhe que não tem um tostão no bolso e que ela, na sua condição de puta-mulher só é simpática para ele quando este tem dinheiro. Portando, este “besta” não vê outra alternativa que não vociferar: puta.

Não contente com tudo o que é obrigada a escutar, ela esboça uma agressão. Segue-se a frustração de quem é francamente incapaz de competir com alguém que goza de capacidades físicas superiores. O esticar de braços para umas punhadas no peito termina em braços cruzados uns passos adiante do “besta”. O que estás a fazer? E os insultos redobram-se.

Em sentido contrário ruma um grupo de rapazes capazes dos actos menos lícitos. O meu filtro não permite avaliar se aqueles seriam diferentes de tantos outros que normalmente apresentam comportamentos idênticos e são responsáveis pela insegurança vivida junto das escolas, depenando crianças e adolescentes, cujos patamares etários estão hoje apetrechados com tudo quanto há da nova e não menos cara tecnologia. Um destes, provavelmente o mais velho e também o mais robusto, questiona o “besta” acerca do comportamento que vem tendo de há uns metros a esta parte, e se aquela é a forma de se tratar uma mulher. O “besta” atira que aquela de quem se fala é sua esposa. Foi a última frase que disse antes de ser secamente atingido com um punho bem fechado no rosto...

Um empurrão. Um virar de costas. Um alinhar silencioso ao lado da mulher que observava incrédula. Um enfiar de rabo-entre-as-pernas. Este que aqui me espolia diante da mulher a quem chamo puta é mais forte do que eu e bem capaz de me magoar. Com este não posso. Este não se limita ao esboço de umas punhadas no peito. Este age em conformidade e que bem ele se comporta diante do alvo a agredir. Talvez possa resolver tudo isto em casa. Não aqui onde sou socado, humilhado, maltratado, espezinhado, …. Não aqui onde insulto o mais fraco e me acobardo diante do mais forte. Aqui não. Aqui. Agora. Sou merda.

Fechando o carro,

Babince