Profissão: músico.
Indivíduo A: Sou guitarrista.
Indivíduo B: Ai és? E o que é que fazes?
Indivíduo A: Ora! Toco guitarra!
Indivíduo B: Ah! Ok. É que eu pensava que…
Este é o diálogo modelo entre um músico e a maioria daqueles que representam a sociedade em que estamos inseridos. Por defeito, ser músico, não é possuir efectivamente uma profissão. Estudar um instrumento, levar a cabo ensaios, apresentações ao vivo, e mais ensaios e gravações e composição e… não é para a boa parte das pessoas um trabalho. De resto, a desvalorização das artes reflecte-se também na desvalorização dos artistas.
Uma pequena incursão ao universo do músico, e procuraremos aqui um denominador mínimo comum para os músicos dos diferentes quadrantes, deparamo-nos de imediato com o facto de, grosso-modo, a formação de um indivíduo enquanto músico começar desde tenra idade. Numa primeira fase como componente essencial à edificação deste, reconhecendo-se à música, bem como ao desporto (entre outras actividades) a faculdade de proporcionar o desenvolvimento insofismável de capacidades criativas, cognitivas, a tolerância, etc… criando alicerces na construção da “pessoa”.
Numa fase avançada, a opção, para muitos, passa por procurar continuar a fazer aquilo que desde sempre foi uma actividade presente ao longo do percurso de vida. Ser músico. Música clássico, contemporânea, rock, pop, funk, hip-hop, salsa, jazz… ser músico, só. Pagar as contas com o trabalho concretizado a fazer aquilo para o qual permanece uma dedicação incomparável e por longos anos. Trabalhar e colher resultados por “andar metido na música.”
Os instrumentos custam valores astronómicos. O ensino é pago e aquele que a estrutura pública oferece é digno de ridicularia, questionando-se não raras vezes qual o verdadeiro objectivo do ensino musical nas escolas. A capacidade de descodificar a mensagem artística, adquirida ao longo do processo de educação é próxima do zero. Hoje só um dos lados da história é contado. O público em geral confunde música com televisão e músicos com actores. Entende que o músico é aquele que quer ser “famoso”, antes ignora o facto do músico apenas procurar reconhecimento pelo seu trabalho, à imagem do que acontece em todas as actividades, contando que na música é ao público que cabe o papel de reconhecer o trabalho dos artistas.
Baralhando e voltando a dar,
Babince
1 Comentários:
Os artistas ainda são considerados dispensáveis... é pena... sobram aqueles condenados da tv que ganham a vida a vender as letras de outros, a música de outros, as ideias de outros - com o seu corpo...
8/9/06 01:38
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