apenas um comentário
pá, vou entrar aqui fora de horas, mas tenho de dizer isto.
tenho andado a bater muito mal com tudo o que se passa à minha volta: vejo constantemente a reafirmação da direita católica, da direita extremista, da direita que lava a esquerda e todos nós andamos aqui a ser jogados como bolas, sem o mínimo de noção do que se passa atrás das nossas costas até que sentimos um ardor assim ao fundo das mesmas... e aí é tarde demais. Estava aqui a conversar com Jesus e ele mandou-me um link para outro blog (http://barnabe.weblog.com.pt/arquivo/072795.html). pá, um artigo interessante... depois passei aos comentários... e aí sinto o sangue a começar a ferver! sempre que se fala em algo que apenas diz respeito ao indivíduo há alguém que se julga habilitado a mandar um bitaite sobre a vida alheia. uns a favor, outros contra o aborto... uns afirmando que não se pode liberalizar algo assim porque as pessoas o usarão como método contraceptivo. Sou homem, nunca terei de passar por algo de tão traumatizante, mas penso que ninguém se submeteria a algo assim com o ánimo leve que essas pessoas deixam entender que fazem. claramente que, para certos partidos oportunistas e em busca de eleitorado ente os eternos medrosos da sociedade, este é o sítio e o momento perfeito para comunicarem... mas não é por aí que vou. apenas quero comentar o artigo, uma vez que nesse blog não consegui por qualquer razão.
bem, se não fosse a lavagem cristã com que levamos (a qual diz que somos feitos à imagem e semelhança de deus e que vamos todos pra o inferno, blá,blá,blá) se tivermos a coragem de tomar o nosso destino nas mãos e a coragem de arrancar algo de dentro de nós, algo que faz parte de nós, talvez se conseguisse um pouco mais de entendimento. ao contrário do que muitos iluminados que admiram a família, portugal, os "valores lusos" e que dizem que quem não quer filhos, não os tem ou se os tem os pode entregar para adopção - sim, porque nem todos os homens se responsabilizam pelos filhos que fazem, nem todos os vão tratar humanamente se os tiverem, as instituições estão sobrecarregadas e sem fundos e, por vezes, são muito piores que qualquer aborto uma vez que durante toda uma vida apenas dão abusos, agressões e outros mimos às crianças que ninguém quer e uma mãe sozinha hoje em dia ainda é uma situação difícil, a qual parece não preocupar ninguém.
não utilizemos os dramas pessoais de cada um nem tenhamos uma visão propositadamente inocente perante a maldade dos outros: há crianças que diariamente são agredidas, maltratadas, violadas, mortas pelas famílias que nunca as quiseram e que nunca lhes poderão dar o acompnhamento e amor que nos torna a todos humanos à face de qualquer deus.
a antropologia diz que o homem se forma, não nasce com compreensão do que o rodeia. e esse entendimento surge no processo de crescimento, em suma, uma adaptação a tudo o que os rodeia. quando isso apenas consiste em pobreza material, espiritual e sentimental, que género de pessoa se forma; que género de família é esta? não se usem argumentos vácuos em que a família é o pilar da pátria, que as mulheres usam a gravidez para apanhar os homens (a quem disse isto diria para ver com que mulheres se envolve), que uma mulher, por cruel que nos possa parecer, não pode ter total domínio sobre o seu corpo e a sua vida e está reduzida a um mero veículo para a propagação da espécie. Esse tempo já passou.
a liberdade pessoal ainda é um direito emergente em portugal, esse canto esquecido da europa. não há valores nacionais a defender, excepto o futebol e o cozido acompanhado de vinho tinto. aos senhores do PNR e demais direitas que acreditam que o estado deve ser o pai tirano de todos nós tiro o chapéu... aos demais partidos políticos tiro o chapéu porque do sofrimento alheio fazem cavalos de batalha. aos idiotas que pululam neste país sem coragem de pensar por si mesmos e com a cabeça enfiada no jornal da bola, atentos ao menor respirar de qualquer futebolista idiota que não sabe nem quer saber da sua adoração bovina, digo ide para o caralho juntamente com a vossa moral barata. vocês são incapazes de analisar uma situação longe dos vossos preconceitos idiotas, longe do inferno que a catequista vos prometeu, longe da visão mesquinha e tacanha que é a vossa e com que analisam e esmiuçam o atraso do vizinho, o espirro da vossa prima, o ladrar do cão noutro quarteirão.... vêem tudo menos a imensa tristeza da vossa própria vida.
há escolhas que dizem respeito ao indivíduo: seja ela qual for o papel do estado é garantir a manutenção de condições para as escolhas se poderem fazer. Para algumas mente mais sensíveis, incapazes de lidar com o facto de haver pessoas que não merecem ter filhos, que não os devem ter pela vida futura dessas crianças, quando virem crianças a ser agredidas, quando ouvirem gritos de criança e saibam que os pais estão a queimar com cigarros crianças de dois anos, a queimar com água a ferver e a afogar crianças de 5 anos, a espancar, violar e sodomizar crianças de meses, não fiquem em casa ignorando o que vos rodeia: intervenham. mostrem o vosso desagrado. não aproveitem depois as câmaras para dizer que o pai era um bêbedo, a mãe uma drogada incapaz, que sabiam que algo assim ia acontecer e ainda assim ficaram quietos e calados como os macacos. e estes são os as casos de que temos conhecimento, entre o que se chama hoje simpáticamente "famílias desfavorecidas"; mas desenganem-se: muitos gajos cheios de pasta devem fazer exactamente o mesmo... a maldade está viva num grande número de pessoas.
a sociedade portuguesa "moderna" é a da "peninha" e da preocupação: todos muito preocupados com o sítio para onde caminha a pátria lusa, todos em sintonia com aquilo que o vizinho vai fazer, todos com a noção do certo e do errado e sempre prontos a transmitir os SEUS valores.
a emancipação pessoal é uma miragem!
com um profundo respeito por todas as pessoas que foram forçadas a tomar esta decisão, da minha pequenez e estupidez tentei dizer que a nenhum de nós dizem respeito os motivos que levam a esta situação; mas que, naquilo a que se chama democracia - na minha visão inocente uma sociedade em que EXISTE o direito à escolha e em que se tenta que todos possam viver com qualidade e saúde e orgulhosos- se pode tentar que certas decisões impossíveis se tornem mais humanas e menos dolorosas.
espero não ter ofendido ou desrespeitado ninguém que não mereça os meus insultos.
josé de arimateia, tentando dizer que a pátria é um ódio e que deus, a existir para quem com isso se importa, nos ama a todos
4 Comentários:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
28/3/06 14:16
Bravo! Apoiado! Mostra a esses esbirros o que é "desmistificação"
fascistas de merda! Manipuladores de massas mesquinhas e acéfalas!
assim também eu podia ter um partido... simplóriamente saloio
28/3/06 14:17
Uma visão sublime da mentalidade que ainda impera no nosso país. Boçais que são muito católicos, lêm "A Bola" e vão ás putas e estão sempre prontos a censurar e sopeiras que passam a vida a ver novelas e a comentar a vida dos vizinhos é a parte que mais me enerva, pois para álem de serem abéculas são facilmente manipuláveis do ponto de vista político e existem aos milhares.
Abraço
29/3/06 03:53
não fui eu que apaguei o post que aqui estava... de facto nem sequer o vi...
acredito na expressão livre e inteligente da opinião própria... tendo dito isto: abraço a todos!
29/3/06 20:59
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