domingo, maio 28, 2006

Pronto, é agora

Boas!

Estava por casa perdido em pensamentos, sem me apetecer escrever ou fazer outra coisa que não mergulhar de cabeça numa piscina de gelo quando disse para mim memso que o calor não vai parar mesmo que eu fique parado. Portanto, vai daí que vim até ao jardim a ver se o ar estava mais fresco.

Continua a faltar um tema: já se falou do tempo; posso também falar dos meus constantes e injustificados atrasos; posso falar do vazio; do cheio; do tudo ou do nada; do reconhecimento ou da fuga. Não me apetece falar de nada!

A semana foi estranha e reveladora: não posso viver sozinho ou entre os homens - aparentemente sou prepotente e não sei tomar conta do que é meu; se estou sozinho entregue a mim mesmo mato-me de tédio; se tento ajudar as outras pessoas fico sem tempo para mim; se não as ajudo sou egoísta; se não estou sozinho não consigo fazer as minhas coisas; se estou sozinho não me importo com ninguém excepto comigo mesmo.... como disse: uma semana estranha e confusa!

Que estranho equilíbrio é este que tem de existir entre nós e os outros? Temos a relação patronal, a amizade, o namoro, a família, a relação com os estranhos com que nos cruzamos, a relação com o bófia do metro, o bófia da estação, o bófia da rua, o bófia de trânsito, o bófia.... com o dealer, para quem o usa ou é usado...
Acima de tudo estou farto destas pequenas e cansadas relações de causalidade - une aqui, desata aqui, puxa por ele daqui a ver se ele aguenta... A triste verdade é que se tá toda a gente a cagar para toda a gente... quem quer o seu tem de segurar e quem é simpático fica desorientado - e a seco com vozes secas do outro lado a exprimir a sua inocência.
O que escrevo aqui e será tudo isto mesmo necessário?

Bem, do que preciso?
De uma sessão de paiva à moda antiga; de equilíbrio psicológico à minha volta, de paz e sossego...
(parei um pouco e fiz esse: agora escrevo e fumo um paiva mitra.... porque não há mais, nem vai haver porque tou sem pasta e aquele mito do dealer que anda aí na rua a dar droga a ver se desencaminha é uma ENORME MENTIRA URBANA!). - e supostamente nada disto deveria ser dito...

Ainda não decidi sobre o que vou escrever e sem tema não há progressão... sei lá: aparentemente anda tudo sem tema, tudo murcho e o calor ainda agora começou...

Pronto, é agora:

Do fundo da minha visceral sinceridade arranco a verdade de que os meus dedos não conseguem criar, apenas destruir a harmonia do que acontece à minha volta. A minha boca não cala a verdade que incomoda tudo e todos quando se sente cheia e pronta a cuspir todas as verdades que guarda e esconde. A minha mente não para de pensar em novas formas de todos ajudar, de todos abraçar para acabar agarrando-se sozinha quando mais precisa. Os meus olhos observam tudo para quase tudo esquecer no caminho da felicidade, no caminho da perseguição da revelação solar, lunar, mística. Sei que não tenho tempo, mas é do meu peito que ele brota para todos englobar, sem ninguém esquecer e fico esquecido. Tenho tempo para todos, sem tempo nenhum para mim excepto as madrugadas em que todos dormem e ninguém precisa de nada, ninguém quer nada, ninguém deseja nada eu eu posso existir livrezinho no meu mundo de ilusões.

O pior erro que se pode cometer: estar demasiado presente.... depois não tens espaço de fuga. E toda a gente se sente na importância de fazer exigências, na importância de dizer :assim não, não me parece que resulte.... assim não quero... assim não posso, enquanto se ata e desata e não se chega a lado nehum porque toda a gente puxa em direcções opostas. E não há hipótese de reconstruir outro mundo, outra casa fora daqui onde tudo faça sentido e haja espaço para dizer o amor a todas as horas.

Agora que falo para o ar a ver se tudo isto me cai em cima, experimentando o chão debaixo dos meus pés a ver se ele não me trai, chego à conclusão que nada disto faz sentido: é apenas o produto de uma mente cansada e excessivamente abusada.

Esqueçam tudo o que escrevi - façam de conta que nunca me viram....

josé de arimateia, misantrópico com falta de tempo

1 Comentários:

Blogger Ken Ewing Disse as coisas que se seguem:

Acho que de facto existe esse outro mundo, outra casa fora daqui, onde tudo faz sentido, existem várias designações para esse lugar/estado de espírito que se encontra algures na alma de cada um. A designação e respectiva descricção desse "lugar" que mais aprecio é a do senhor Jimi Hendrix: Spanish Castle Magic.

Spanish Castle Magic


It's very far away, it takes about half a day to get there,
If we travel by my dragonfly,
No, it's not in Spain, but all the same
You know it's a groovy name
And the wind's just right

Hang on, yeah
Hang on, if you want to go
You know it's a really groovy place
And it's just a little bit of Spanish Castle Magic

The clouds are really low and they overflow
With cotton candy and battle grounds red and brown
But it's all in your mind
Don,t waste your time thinking on bad things
Just float your little mind around - look out

Hang on, yeah
Hang on, if you want to go
It puts everything else on the shelf
With just a little bit of Spanish Castle Magic
With just a little bit of daydream here and there.

Esta letra faz mais sentido se ouvires a musica, é FENOMENAL.

Um Abraço!

29/5/06 01:54

 

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