quinta-feira, setembro 27, 2007

Xadrez Global - ou a Manipulação Total

Uma acta secreta da reunião entre Bush e Aznar onde o presidente norte-americano explana os planos de invasão do Iraque e ameaça México e Chile foram ontem reveladas pelo jornal El País.

Nesta reunião que teve lugar a 22 de Fevereiro de 2003 no rancho presidencial de Crawford (Texas, EUA), o Presidente Bush expõe a sua vontade de retirar Saddam Hussein do jogo político internacional com ou sem o aval da ONU. Refere-se também num tom ameaçador às relações externas com o México, Chile, Angola e Camarões. "Países como México, Angola, Chile e Camarões devem saber que o que está em jogo é a segurança dos EUA e agir amigavelmente conosco". Afirma também que "o presidente [Ricardo Lagos] deve saber que o Acordo de Livre Comércio com o Chile está pendente da confirmação no Senado e que uma atitude negativa neste tema pode colocar em perigo essa ratificação. Angola está a receber fundos da Millenium Account e poderia ficar comprometida se não se mostrasse favorável". Ainda segundo o "El País", entre aqueles que poderiam sofrer possíveis sanções ao não apoiar Washington, refere-se o presidente russo, Vladimir Putin, que "deve saber que com a sua atitude está a pôr em risco as relações da Rússia com os EUA". O anterior presidente francês, Jacqués Chirac, é apelidado de "Mister Arab".

Durante esta conversa Bush também advertiu Aznar que a data limite para a invasão do Iraque seria 10 de Março de 2003, enquanto que Tony Blair preferiria dilatar o prazo para o dia 14. "Eu prefiro o dia 10. Isto é como o jogo do polícia bom e do polícia mau. Não me importo de ser o polícia mau e que Blair seja o bom", disse o presidente norte-americano.

Perante as reticências apresentadas por Aznar ao projecto de invasão, afirmando a necessidade de contar com o aval da ONU e o apoio da opinião pública espanhola e dos restantes países europeus, Bush indicou que "é como a tortura chinesa da água. É preciso pôr fim a isso".

O Iraque foi invadido sem o aval da ONU a 19 de Março de 2003 por uma coligação de vários países, entre eles o Reino Unido e a Espanha. Os Estados Unidos lideravam esta coligação. Segundo uma reportagem do Independent, a "Guerra ao Terror" matou directamente um mínimo de 62,006 pessoas e criou 4.5 milhões de refugiados e custou aos EUA mais do que a soma necessária para liquidar as dívidas de todos as nações pobres do mundo. Se a estes números juntarmos outras mortes não quantificadas (rebeldes, militares iraquianos do regime de Hussein mortos durante a invasão de 2003 e as mortes resultantes de ferimentos), a contagem poderia chegar aos 180,000.


Fontes:

El País Online

AFP

Globo Online

ClicaBrasilia.com.br


josé de arimateia