Um espectáculo inapreciável!
Nem o "grande-público" queria ver isto! Não vou voltar a discutir aqui cultura de massas e cultura erúdita e cultura popular e cultura da cultura. Já não é disso que se trata. Até porque, o executivo camarário de cultura sabe muito pouco e não podemos insistir em códigos que eles não sabem decifrar.
Agora a lei é a dos números. Agora teremos, quem sabe, a ponte Luiz I em amena cavaqueira com a Arrábida no palco do Rivoli. Ou então um encenação em torno de alguém marcante na cena histórica portuguesa, assim a puxar ao coração. Tudo isto tinha já o seu lugar, e bem, na cidade do Porto. Acontece que a partir de Maio próximo os portuenses vão presentear Filipe La Feria com uma infra-estrutura de todos e ainda vão ter de pagar por isso. Que interessava para aqueles que consomem os produtos laferianos, assistir aos seus espectáculos no Coliseu ou no Rivoli? A verdade é que para uns a diferença é igual a zero, enquanto minorias foram severamente amputadas naquilo que são as condições culturais necessárias à sua qualidade de vida na cidade que também habitam.
Por outro lado, onde ficarão as associações da cidade? Onde irão festejar os seus momentos e apresentar os trabalhos artísticos das suas crianças à cidade?
O concurso foi, todos o sabem, elaborado à medida de Filipe La Feria. Só ele poderia ganhar. De resto, são cada vez mais aqueles que procuram exílio fora do Porto à conta do esvaziamento cultural da cidade onde somente as entidades de âmbito nacional procuram trazer algo de novo. Esta é a cidade que deixa escapar uma oportunidade enorme para se inserir nos contextos do circuito cultural europeu, gozando da Casa da Música, de Serralves, do TNSJ, e do património arquitectónico e da humanidade, fazendo quase nada para se promover e competir naquilo que é talvez a sua maior potência: o Turismo Cultural.
Do morro da Pena Ventosa,
Babince
1 Comentários:
Já se falava no La Féria antes de rebentar o "RIVOLIstrondo"...
Como diz nosso caro amigo Godofredo... as coincidências não existem!
Mas para que fique claro, concordo com a medida de revogarem o comando da sala a essa pseudo-elite de diplomados e floreados que se limitam a "mamar" na teta do subsídio e fazem o que bem lhes quer e apetece, não ligando às vontades do grande público... pois por vezes limitam-se a fazer "espectáculos" que redondam nos seus círculos pessoais... dir-se-ia que é cultura para gáudio "familiar"... o que é triste, é que há uma mudança... apenas de moscas!
20/12/06 21:27
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