Vestígios noticiosos
"Vestígios de sangue de uma pessoa morta, presumivelmente da pequena Madeleine, foram descobertos numa parede do quarto ocupado pelo casal McCann, no apartamento do "Ocean Club", em Lagos, de onde a menina desapareceu, no dia 3 de Maio. "
in Jornal de Notícias
E pronto! A bomba caiu forte como já ninguém esperava. Maddie está de volta aos media. Desta vez, as notícias que nos têm para oferecer parecem comprometer a "Brigada Cotonete" nacional, uma vez que só agora, e graças a cães enviados do estrangeiro, puderam descobrir novos vestígios na habitação de onde a criança desapareceu.
Ainda que neste momento falte apurar se o sangue encontrado pertence efectivamente à menina desaparecida há 3 meses acho estranho prova tão gritante ter sido descurada na investigação aprofundada conduzida pelas polícias nacionais. Entretanto, e com a multidão de gente que já atravessou a cena do crime ("Desde a semana de 11 de Junho que o espaço tem estado a ser alugado a outros casais para férias pelo "Ocean Club"), qualquer vestígio que tivesse escapado já não volta mesmo. Como já disse estas provas foram conseguidas graças ao uso de cães especialmente treinados no Reino Unido para descobrirem vestígios biológicos. Como espectador atento do CSI, pergunto a mim mesmo se aqui não existirão verbas para a compra de luminol.
Agora, de que forma é que estas novas provas afectam o desenrolar do caso e dos acontecimentos que se desenrolaram no apartamento do "Ocean Club", em Lagos? Ao contrário do que até agora se afirmava, a menina pode ter sido morta acidentalmente dentro do apartamento. Tendo sido morta dentro do apartamento isso afasta a hipótese de rapto - pelo menos consumado. Mas, se essa hipótese tivesse sido efectivamente afastada, porquê a insistência no cerco ao único suspeito? Isto, para além de me confundir, faz com que a notícia vinculada pela estação televisiva belga RTL-TVI na passada semana - "Madeleine terá sido vista no passado sábado numa esplanada de Tongres, acompanhada por dois adultos, um homem de 40 anos - cujo retrato-robô foi posto quinta-feira a circular na Bélgica - e uma mulher de 25." - possa ser mais um erro bem-intencionado. Suprema das ironias, foi este "avistamento" que voltou a arrancar este caso da silenciosa gaveta para onde caía dia após dia.
Também, convém dizer que a época futebolística ainda não começou realmente, as pessoas estão de férias, há poucas notícias e até os incêndios parecem não ajudar quem precisa de notícias escaldantes. Por isso estes relapsos de "não-notícias".
Factos:
- temos uma criança desaparecida de um quarto enquanto os pais jantavam num restaurante;
- não há provas que liguem fisicamente o suspeito - detido por denúncia de uma repórter inglesa - ao desaparecimento da criança ;
- depois de 3 meses e de vários levantamentos forenses descobrem-se novas provas que podem apontar para uma morte acidental da criança;
Portanto, à luz disto temos um corpo desaparecido depois de morto... Podemos também perguntar, se formos um pouco mais cínicos, se existiram outros vestígios biológicos que permaneceram por analisar... E, aquilo que mais me surpreende no meio de toda esta história (apesar de apenas ter sobrinhos), é como é que se deixam crianças sozinhas a dormir num apartamento de um aldeamento num país estranho do qual se desconhece até a língua?
Não me prolongarei mais. Para o poder fazer teria de começar a explorar o hipotético, como quem teria feito desaparecer o corpo no intervalo de tempo em que os pais partiram e voltaram do seu jantar e a que "acidente" teria ele sucumbido...
Factualmente, temos uma menina desaparecida transformada em joguete dos média que mantêm a sua imagem viva quando todo o pessimismo da idade adulta e dos tempos nos diz, desde o início, que a sua morte - ou algo pior que ela - foram as últimas recordações que ela levou do mundo dos adultos.
josé de arimateia
1 Comentários:
Mais uma razão para se aumentar o IVA... para mais meios e formação...
6/8/07 14:47
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