A "vanguarda antiterrorista"!
boas tardes.
Como podem ver, escrevo um post a horas decentes pela primeira vez em muitos anos. Aproveito uns minutos menos ocupados no estágio que faço na atarefada redacção de um jornal diário de expressão nacional para postar esta posta de pescada (AKA bitaite), porque me encontro profunda e humoristicamente preocupado com uma notícia que acabo de ler.
O Reino Unido está a implementar uma nova estratégia antiterrorista! Esta estratégia está a ser definida pelo governo como "a mais avançada a nível mundial". Agora chega a altura de explicar em que consiste esta reviravolta na guerra ao terror... perdão... ao terrorismo.
A vigilância é a palavra chave. Todos aqueles que desafiam os "valores partilhados" estão debaixo do olho atento das autoridades. E como é que se consegue esta vigilância? 60 mil pessoas, repito, 60 mil pessoas receberam formação antiterrorista e serão os olhos e ouvidos no terreno. As autoridades formaram seguranças privados, gerentes de hotéis, funcionários dos transportes, funcionários de recintos desportivos, lojistas, entre outros para estes serem capazes de distinguir os atacantes dos "valores partilhados" dos cidadãos honestos e respeitadores.
Este plano é uma actualização do plano "Contest", em vigor desde 2003, e que acenta em quatro pilares: Prevenir, Investigar, Proteger e Preparar (PIPP).
Traduzindo tudo o que acabamos de ler, cerca de 60 mil pessoas receberam formação para serem "chibos" profissionais. Calma e pacificamente caminhamos no sentido de uma sociedade orwelliana em que as forças de autoridade se tornarão um estorvo, já que todos estaremos a salvo debaixo dos olhares familiares de vizinhos, amigos, família, estranhos - as autoridades apenas terão de recolher os elementos estranhos e dar-lhes o seguimento apropriado para um espaço correcional.
A necessidade absurda que hoje em dia se tem de mostrar explicitamente que as pessoas estão seguras, ou que pelo menos há uma noção de segurança absoluta, começa a tornar-se a paranóia do século XXI. Mais do que o terrorismo ou a hipótese de ataques terroristas, as preocupações com a segurança ocupam cada vez mais espaço e tempo dos media e das conversas das pessoas. Alicerçadas numa exploração de casos normais em tempos de crise (estatisticamente está provado que a criminalidade aumenta) e na possibilidade de, a qualquer momento, haver uma tragédia que nos afectará a todos, volta-se a instituir a necessidade de relatar, perdão, delatar todos os indivíduos que fujam a uma norma não escrita de normalidade que indique que eles não respeitam os "valores partilhados". Com um pouco de azar até podemos terminar como um cidadão brasileiro que foi baleado no metro em Londres.
Será que ele não respeitava os valores partilhados do trabalho e da vida normal?
fiquem bem e atenção a tudo o que pareça normal no meio dos anormais.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Regressar ao Centro do Jardim