terça-feira, março 27, 2007

Video killed 25 Abril

Boas!

Vou aproveitar para partilhar com vocês algo escrito durante duas horas de puro terror. Enquanto à minha volta crianças gritavam e diziam "coisas" avulsas, eu abstraía-me da aula e escrevia. E há assuntos aos quais não é possível fugir.

Diria até que é impossível não escrever sobre a nova coqueluche dos media: a "eleição" de Salazar como maior português. Entre a loucura intelectual-raivosa de esquerda e a fugaz felicitação de um país atávico e preso ao passado emerge o "Toninho", a avó feliz de Portugal: Salazar!

Provou-se algo com este "Big Brother" da história portuguesa? Aprendeu-se algo? Ao contrário de certos pensadores não acredito que esta farsa tenha morto o 25 de Abril. Simplesmente porque este já estava morto. Faltaram as forças para prosseguir numa direcção única, queimando os navios numa qualquer praia tranquila. Contudo, o que ficou provado, foi que há muita gente disposta a fazer telefonemas de valor acrescentado. Sim, porque não me venham dizer que os velhinhos saudosos que dormem às horas em que esse programa dava, que não sabem ou se esqueceram de como se lê, cujas reformas não dão - nem nunca deram - para foder pasta num luxo como esse foram os culpados. Além do mais, apesar das falhas de memória próprias da idade, ainda se devem lembrar do que era não ter nada para comer - e ter de trabalhar. Mas agora há Salazar, esse comprimido mágico que conseguiu elevar portugal ao zero absoluto, dourado (ou douradinho porque agora é mais um produto simbólico que alimenta uma fome de uma franja social) pela(s) história(s). Regressa sebastianicamente, numa noite fria e após ter vencido uma votação telefónica que faria corar de vergonha os gregos....

Agora resta saber quem votou - e porque o fizeram. Quem telefonou a encomendar um Salazar da tumba? Quem o trouxe de novo à luz quando ele já descansava da queda? - pobre velhinho!

Foram os jovens senhor! e os não tão jovens também.
Os mesmos jovens estudantes, e não só, que sob a sua mão protectora ainda estariam mais enterrados no marasmo; os mesmos jovens de cabelo à fodasse - o chamado candeeiro - que pedem BM's ao papá e se queixam das facilidades de acesso ao ensino superior; os freaks de cabelo rapado, ou nem tanto, que idiossincraticamente defendem uma raça ariana à qual não pertencem e vivem plenos de medo. Pessoas "normais" que se sentam ao meu lado na faculdade, ao vosso lado no café, que ensinam os vossos filhos todas as teorias do ódio e que acreditam que é no silêncio do povo que se fazem as melhores leis. - quando um burro fala!...

Porque era isso que "ele" era: o paizinho da pátria, mais um portuguezinho assustado que enquanto fazia saudações fascistas no Terreiro do Paço babujava as mãos de Inglaterra; que enquanto fazia estradas de macadame na europa se usava alcatrão; que enquanto contribuía para o macrocefalismo lisboeta transformava o resto do país numa aldeia ainda maior do que era; que enterrou o povo que trabalhava num analfabetismo atávico; que enquanto amealhava ouro como um ávaro , portugal, esse conceito abstracto tão caro aos nacionalistas, ficava cada vez mais para trás, mais esquecido, mais perdido nas mesmas brumas de onde o foram sacar. Nada de bom saiu da sua mente tacanha de St. Combadão - nem um ditador decente foi: onde estão as barragens megalomanas feitas à força de braço? as pirâmides de caveiras? os óculos sem olhos para os usar? (suspiro!)

Só prova que ainda hoje a propaganda torna maiores pessoas que nunca o foram!

Más notícias para andrézinho: já nem os espanhóis nos querem, a não ser que os obriguemos. O investimento é grande demais e não dá garantias.

Boas notícias para portas, que ainda há pouco aparecia num jornal a dizer que queria congregar num partido todas e várias tendências de direita...
(Paulo Portas - Pai da Pátria? PP - partido do portas? Paulo Partido em Postas? bom! deixemos os jogos de palavras!)

Agora resta saber o que se vai fazer quando chegar aquele fatídico dia 25 do mês de Abril: o dia zero para um novo portugal disseram eles - se não disseram deviam ter dito!
Será que vamos assistir a uma união entre o PNR e a Frente Nacional que, entre muitas outras coisias, lutam pela supremacia na Faculdade de Letras de Lisboa, para a fabricação de t-shirt's rosa, azul-bébé e verde oceano com uma sorridente cabeça de Salazar? - não esquecer que seriam de marca, claro! E os freraks de esquerda partirão para o combate com t-shirt's vermelhas sem marca e com estampagens do Ché e arafats (os lenços que o outro também já se foi) e camisolões vermelhos de lã nacional e colectiva com a cara de Cunhal bordada sobre o coração?

O que se provou?
A fantástica ignorância capaz de transformar pessoas no pior tipo de cegos: aqueles que não querem ver, que não querem saber e nunca souberam. Eles QUEREM ser governados: são crianças docéis que querem ser levadas pela mão nem que seja para o fundo! E nem atravessando o Tejo a nado se vão conseguir salvar!

josé de arimateia, fazendo as malas e esquecendo a nacionalidade

1 Comentários:

Blogger Daniel Ferreira Disse as coisas que se seguem:

até fez fumo ao ler! e como não há fumo sem fogo, esses seres dignos da indignadade com que se tenta gerir um país ou outra coisa qualquer ardem mais um bocadinho ao olhos de quem lê! bem visto.

abraço!

1/4/07 06:53

 

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